Início de um novo ano e os fatos apontam a tomada de posições das autoridades na Economia e nas interfaces com a Educação – esta como prioridade maior de suas ações – remetendo o analista à crueza dos acontecimentos e às suas consequências para um futuro de grandeza, que se anseia, do “gigante pela própria natureza”, ora, ainda, “adormecido em berço esplêndido” a ser transformado em “Brasil: Pátria Educadora”, conforme slogan então divulgado.
O Governo, no entanto, nem aprovado o orçamento 2015, já anuncia contingenciamento dos seus recursos, conforme Decreto Federal 8.389/15, incluindo-se aí a parte relativa à Educação quando se estabeleceu nesta corte mensal de R$ 586 milhões totalizando, ao final do exercício, mais de R$ 7 bilhões – o maior de todos entre os ministérios – no propósito de se atingir a meta de superávit primário igual a 1,2% do PIB. E, aí, pergunta-se: como ficará a propalada prioridade consignada como “Brasil: Pátria Educadora”?
Desde que se noticiaram, a contar de 2007, as descobertas das grandes reservas petrolíferas submarinas brasileiras, eventualmente tornando o país produtor mundial do combustível fóssil em grande escala , estabeleceu-se, como política nacional, destinar-se maior parte da renda presumível destinada à Educação, gerando-se a seguir natural euforia. Assim, o palavrório governista vinculou a exploração petrolífera nacional (leia-se pré-sal) ao futuro da Educação, situando-a, literalmente, no fundo do poço, a 7 mil metros de profundidade, na costa brasileira, desde que uma vez dali o óleo pudesse ser extraído, comercializado e, a seguir, o uso de suas receitas expressas em bilhões e bilhões de reais.
Isto pode ser real? Sim, mas dentro de um relativismo que pressupõe: decisão política , vários fatores de riscos, grandezas, estratégias e oportunidades variadas como recursos financeiros externos destinados ao financiamento das necessidades infraestruturais, a disponibilidade de mão de obra especializada sem os quais a retirada do petróleo não se viabilizará na escala pretendida.
Acrescentem-se mais o status vigente da economia mundial, a concorrência dos países produtores que há dezenas de anos dominam o mercado e que sempre tiveram no Brasil um dos seus maiores importadores, que passará à condição de competidor e, portanto, a enfrentar riscos face seus novos interesses.
Como materializar a educação brasileira com escolas de qualidade, enfocando principalmente: dupla jornada no ensino, equipamentos pedagógicos modernos, alunos assistidos por mestres qualificados e motivados, coordenação e direção escolar integrada a uma gestão democrática e participativa, com recursos já insatisfatórios antevistos no orçamento de 2015, e ainda mais sob contenção? E isto ao mesmo tempo em que a Petrobrás enfrenta dificuldades em sua gestão, desacreditada interna e externamente, com gravíssimas acusações de desvio de recursos financeiros, quando deles se necessita cada vez mais para alavancar (ou seria melhor fazer jorrar?!) o petróleo existente nos subsolos do Oceano Atlântico.
Para desânimo nacional, esqueceram as autoridades/dirigentes que não bastam palavras e propostas para dar à Educação a prioridade que apregoam, pois vazias e de comprometimento superficial, lamentavelmente levando-se a perceber que nas condições atuais dificilmente a Educação sairá do estágio em que se encontra e que, infelizmente, ela permanecerá ainda no fundo do poço, sabe Deus até quando.