Entre a noite de domingo e a madrugada de segunda, a Lua entra na sombra da Terra e cria um eclipse lunar total. O satélite natural fica vermelho, fenômeno conhecido como “Lua de Sangue”. O eclipse lunar total mais longo foi entre 1000 a.C. e 300 d.C. ocorreu em 31 de Maio de 318. Sua fase total teve uma duração de 1h47m14s. Há mais a respeito do universo do que podemos conhecer. Para um acontecimento tão importante eu não cheguei nem perto da minha cama, não fechei os olhos nem uma vez até meia noite da mesma janela da qual encarei a lua da noite passada, encaro agora o Eclipse lunar.
Quando os americanos chegaram à Lua, Caetano estava preso numa cela escura e eu neste quarto, mergulhando na minha própria mente vendo o eclipse da lua de sangue. Parece muito e pouco tempo desde quando afundei na escuridão, aqui mesmo neste quarto, durante a pandemia. Era como se o momento fosse a minha cela. Lembro-me do momento em que ocorreu, graças à sensação de clareza, e da pressão absurda e ansiedade que me atingiram naquele instante de desconhecimento total do vírus. Sempre fui fascinado pela lua. Ainda bem. que não estava chovendo nem vetando. Mais abaixo, os telhados da cidade envoltos na lua cheia, no momento do eclipse ficaram na cor menos prateada.
Eu costumava fantasiar quando criança achando que na lua tinha o cavalheiro de São Jorge. A rigor, o tempo corre do mesmo modo, deste aquela época e minha fantasias da lua desapareceu mas o essencial agora é a quietude do lado de fora da janela aberta, acalmáram-me com este eclipse. A solidão da lua no espaço é absoluta, nenhum sossego ininterrupto; mas a paz é sempre maiores e mais certos que cá embaixo. A lua tomada por uma constante sensação de plenitude vê a terra por outro prisma.