E quando Deus não faz o que devia?

“Ao cair da tarde, os discípulos aproximaram-se dele e disseram: Este é um lugar deserto, e já está ficando tarde. Manda embora a multidão para que possa ir aos povoados comprar comida”. (Mateus 14.15)

Em minha opinião os discípulos demonstraram sensatez ao darem este conselho a Jesus. Eles haviam passado o dia inteiro com a multidão e estava ficando tarde. Eles, certamente, estavam com fome e sabiam que a multidão também estava. O que tinham para comer mal daria para eles e o Mestre. Por isso, o melhor a fazer era mandar a multidão embora para que buscassem alimento para si. Eles estavam sendo prudentes e não me parece haver em sua atitude qualquer sinal de egoísmo ou desinteresse pelas pessoas! Ao contrário! Talvez, conhecessem muitos da multidão, pois eram gente do povo. Talvez, ali estivessem alguns de seus amigos e gente com quem haviam crescido. O quanto antes aquela reunião acabasse melhor seria para todos. Jesus devia estar distraído. Não é possível que não percebesse a situação! Era melhor chamar sua atenção.

Talvez, os discípulos tenham esperado até o último momento. Mas, diante da aparente distração de Jesus, resolveram intervir. Convido você a refletir sobre esse momento, quando os discípulos consideraram que Jesus não estava fazendo o que deveria fazer. Quanto a mim, sou lógico demais para situações assim! Se fosse um dos discípulos talvez eu tivesse tentado combinar previamente com o Mestre um horário limite para a reunião, antecipando ainda mais a solução. Garantindo, assim, que tudo aconteceria “da melhor forma”. Às vezes, podemos nos ver em situação semelhante, tomados pela sensação de que Deus não está entendendo direito e não está fazendo o que deveria. A maioria de nós gosta de controlar e confia muito na própria lógica. Temos certeza sobre como as coisas deveriam ser e nos vemos aflitos quando Deus parece não concordar conosco.

O restante do texto vai nos mostrar que Jesus sabia exatamente o que estava fazendo. Mais que a necessidade e as circunstâncias que os discípulos viam tão bem, havia um propósito que somente Jesus sabia. Não olho para vida tentando explicar cada momento de tensão por um propósito oculto. Mas, se somos discípulos de Jesus, devemos compreender que nos veremos em situação semelhante à dos discípulos. Devemos confiar no Mestre. Podemos levar a ele nossas ideias e soluções, mas devemos confiar em Sua aparente falta de lógica. Às vezes, Ele, deliberadamente, deixará tudo parecer fora de controle e sem propósito, para então manifestar Seu poder e propósito. Devemos fazer o que nos cabe, tanto quanto confiar no que cabe a Deus. Quando nos parecer que Deus não está fazendo o que deveria, confiemos: Ele está fazendo justamente o que deveria.

 

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