A possibilidade de morrer por conta de um frio excessivo já é conhecida, afinal a hipotermia fatal é relativamente comum e muito presente em filmes. Mas e o falecimento de uma pessoa devido a temperaturas altas demais é possível? Existem chances de alguém, literalmente, morrer de calor?
“Morrer de calor” é uma expressão exagerada e usada no sentido figurado, principalmente durante o verão, período de altas temperaturas. No entanto, consequências por conta desse calor excessivo podem, sim, levar à morte – direta ou indiretamente.
O médico clínico Rodrigo Prado, do Hospital Albert Sabin de SP, explica por que isso ocorre e recomenda alguns cuidados para evitar problemas durante épocas mais quentes.
Como o calor pode levar à morte
Existem algumas formas pelas quais o calor pode provocar o falecimento, uma delas se dá pelo estresse físico que temperaturas excessivamente elevadas provocam no corpo. O efeito disso é o aumento da perda de sais e água através da transpiração, podendo levar ao que a medicina chama de “hemoconcentração”.
O próprio calor, diretamente, também pode ser fatal, “embora isso ocorra em casos mais extremos”, como esclarece Rodrigo. Segundo o especialista, tal quadro pode ser atingido por um processo conhecido como insolação, que é quando o organismo falha em manter a temperatura do corpo abaixo de 37,5ºC.
A maneira mais eficiente que o organismo tem para eliminar o calor é através da evaporação do suor – e esse processo pode ser dificultado em ambientes demasiadamente quentes ou úmidos. Tal situação é especialmente perigosa em idosos, mas também pode ocorrer em jovens saudáveis que praticam atividades físicas extenuantes em dias quentes.
Doenças causadas pelo calor
Alguns problemas de saúde também podem ocorrer pela exposição excessiva ao calor, como edema de extremidades, síncope ou sintomas associados, como tontura ou sensação de desmaio, além de cãibras e predisposição à dermatites em geral.
Em casos de exposições prolongadas ou de pacientes suscetíveis, pode haver o que se chama de “exaustão pelo calor”, um quadro marcado por cefaleia, fraqueza, tontura, taquicardia e confusão mental, que em geral melhora rapidamente ao refrescar-se. O calor elevado pode causar também alguns transtornos dermatológicos conhecidos como miliária ou brotoeja.
É importante frisar que, embora calor excessivo e exposição solar sejam diferentes, costumam estar intimamente ligados. A exposição prolongada ao sol pode causar queimaduras importantes além de, em longo prazo, predispor lesões malignas da pele (câncer de pele) e envelhecimento precoce.
Cuidados durante as ondas de calor
A realização de exames frequentes e check-ups médicos anuais auxiliam na avaliação frequente das respostas do corpo ao clima. Além disso, em épocas quentes, é necessário dobrar a atenção para a quantidade de água ingerida.
Existe uma recomendação ideal de ingestão de água de acordo com a faixa etária e peso da pessoa. Contudo, é possível se guiar pela coloração da urina. “O ideal é que, mesmo em dias quentes, nosso xixi fique sempre clarinho, mas não transparente”, afirma Rodrigo. Segundo o clínico, a urina mais escurecida ou com cheiro um pouco mais forte pode ser um sinal de desidratação.
Outra indicação é a de se evitar o consumo de cafeína e álcool em dias muito quentes. “Embora a cerveja gelada seja uma paixão nacional, o álcool pode facilitar a desidratação do corpo”, alerta.
Além de manter uma boa hidratação, é importante que a pessoa se proteja do sol forte com protetor solar e roupas com proteção UV. É válido também procurar um abrigo mais fresco ao menor sinal de sintomas como tontura, cansaço extremo e cãibras.
Recomenda-se ainda evitar a prática de atividades físicas intensas em dias de muito calor. Em casa, vale até apelar para um bom ventilador, para o ar condicionado ou mesmo para um banho frio, porém não gelado.
Fonte: MinhaVida