É o amor que nos muda

Pois ele e todos os seus companheiros estavam perplexos com a pesca que haviam feito, como também Tiago e João, os filhos de Zebedeu, sócios de Simão.” (Lucas 5.9-10a)

Eles ficaram perplexos. Mas coisas ainda maiores e mais extraordinárias eles veriam. Veriam pães  e peixes multiplicados, mortos sendo ressuscitados, Pedro andaria sobre as águas, uma tempestade seria acalmada. Diante das coisas sobrenaturais, que produzem perplexidade, as vezes penso que eu seria um cristão melhor se as visse. Se Deus fizesse para mim uma demonstração de Seu poder. Os discípulos viram muitas coisas. Perplexidade foi o que não faltou. Mas, mesmo vendo tudo o que viram, bem ali, diante dos seus olhos, algumas cosias em seus corações não mudaram. Eles estavam sempre preocupados sobre quem deles seria o maior, por exemplo. Diante da oposição de alguns samaritanos, Tiago e João entenderam que seria bom se fogo do céu devesse e queimasse a vila inteira. E Jesus lhes disse: “De jeito nenhum! Vocês ainda não entenderam como as coisas são para mim!” (Lc 9.54-55) .  Eles não entendiam o coração de Jesus e Sua missão.

A perplexidade com a demonstração do poder de Jesus sobre as leis da natureza, sobre a morte, sobre demônios, não mudou em absoluto o coração dos discípulos. Ninguém pegava voluntariamente a bacia e a toalha! Judas traiu, Pedro negou, todos fugiram. Após a crucificação, toda a perplexidade com o poder de Jesus apenas aumentou o tamanho da frustração – “e nós esperávamos que era ele que ia trazer a redenção a Israel” (Lc 24.21), foi o que disseram. Mesmo tendo sido avisados, eles ser recusaram a ouvir. Não esperavam e não reagiram bem à morte de Jesus. Ele os advertiu verias vezes, falou de sua morte na noite anterior à sua prisão, julgamento e crucificação. Não perceberam o que estava acontecendo. Não entenderam. Será que se eu visse milagres de Jesus efeitos diante de mim eu seria diferentes? Eu seria um cristão melhor? A julgar pelo que leio nos Evangelhos, não. Mesmo vendo milagres meu coração talvez seguisse tão descrente e desalinhado com Deus quanto antes. O que poderia me mudar então?

A graça. A graça é um tipo de canção que o amor de Deus canta. A misericórdia é outra! Há muitas. É isso que nos muda: a manifestação do amor de Deus. Veja o que aconteceu com Pedro! Ele é uma metáfora para todos nós. Pedro traiu a Jesus negando ser um dos discípulos. Não uma ou duas, mas três vezes. Jesus foi crucificado e morreu. Tenho a impressão de que Pedro ficou destruído por dentro. E seria dos escombros de sua autoconfiança que um verdadeiro discípulo nasceria. Jesus, ressurreto, foi ao seu encontro na beira do lago, lhe preparou um café da manhã e eles conversam. Sobre o que? Milagres? Ressurreição? Poder? Não. Sobre amor. “Você me ama Pedro? Então revele seu amor por mim cuidando das minhas ovelhas” (Jo 21.15-19). Pedro era amado e precisava amar para ser transformado. Entendi: é assim que também posso ser transformado. Sou amado completamente. Agora preciso aprender a amar. É esse o caminho. E você? O que pensa disso?

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