E a roda girou!

“A gente vai contra a corrente/Até não poder resistir/Na volta do barco é que sente/O quanto deixou de cumprir”.

(Chico Buarque, Roda-viva, 1967)

 

Já se foram mais de cinquenta anos. Nos idos de 1963 houve “manifestações” em várias cidades brasileiras, muitas delas de apoiamento às ações de Goulart, empossado na Presidência por força da renúncia de Jânio, para muitos um maluco travestido de administrador, que já havia passado pelo governo paulista.

As retaliações policiais da época pelo método não se diferenciavam das atuais, quando muito, excepcionalmente, talvez pelas “balas” de borracha. Naquele tempo, bala era bala, borracha só no cassetete ou, se quiserem, “fanta”. Dá no mesmo, que o diga quem já apanhou!

E mais vieram, logo a seguir: golpe militar, “os anos de chumbo”, a redemocratização pós-regime de exceção e, lamentavelmente, deslavada corrupção em dose sideral até os dias atuais!

Vivenciam-se, na atualidade, em face os “malfeitos” generalizados, as manifestações pela moralidade na administração pública, qualidade nos serviços de educação, saúde, transporte público, com novas bandeiras e não muito diferentes daquelas de 1963 e anos seguintes.

O compositor Chico Buarque, em sua “Roda-viva”, no final dos idos de 60 do século passado, alinhava: “A gente quer ter voz ativa/No nosso destino mandar/Mas eis que chega a roda viva/E carrega o destino prá lá…”.

Em outro trecho, acima epigrafado, dizia “A gente vai contra a corrente/Até não poder resistir/Na volta do barco é que sente/O quanto deixou de cumprir”.

Premonição dos dias atuais? Ou simples continuidade da i(moralidade) existente pela ação nefasta de quantos, anos e anos, assestados no poder?

As manifestações das ruas “vai contra a corrente…” da corrupção , dos desvios e dos “malfeitos”; e o povo já demonstrou sua posição: “Quer ter voz ativa…” e deseja mudanças de conduta que signifiquem qualidade na saúde, educação, segurança pública – numa palavra, respeito à cidadania !

Cabe aqui ressaltar que um dos objetivos da Educação é a formação da consciência crítica do indivíduo e isto, neste instante, certamente, não poderá se negar à maioria de quantos foram às ruas no último mês junino chamando a atenção das autoridades, exatamente, pela percepção das necessidades básicas de mudanças – o acorda Brasil – divulgadas pela mídia em quaisquer de suas feições.

A natural esperança é que essa consciência perdure, até porque a convivência com tantos desmandos já foi muito além do mínimo aceitável, lembrando ainda que a roda está girando!

 

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