O Documentário de longa-metragem “O Jardim das Aflições” será exibido pela primeira vez, na Virgínia, onde foi filmado, quinta-feira (23), às 20h, na Virginia Commonswealth University. Em seguida à exibição do filme – promovida pela VCU Human Security Initiative e o Philosophy Club – haverá um debate entre o personagem do filme, Olavo de Carvalho, e o diretor, Josias Teófilo. O debate será transmitido ao vivo para a página do filme no Facebook. O filme estreia nos cinemas brasileiros em maio.
O documentário, dirigido pelo diretor pernambucano Josias Teófilo e produzido por Matheus Bazzo, despertou oposição desde o início da sua produção. Afinal, o filme é um estudo poético sobre um dos intelectuais mais influentes do Brasil contemporâneo: o filósofo Olavo de Carvalho. Desde o início da campanha de financiamento coletivo para produzir o filme, o diretor e sua equipe enfrentaram críticas e tentativas de boicote pela escolha de Carvalho, que é um conservador, conhecido pelas posições críticas à esquerda e, notadamente, ao PT.
O filme causou repercussão na mídia: o site Omelete descreveu o filme como “polêmico”, o UOL como o “Aquariuis da direita” – comparando o documentário ao filme que representou o Brasil em Cannes em 2016. “O Jardim das Aflições” foi destaque também na BBC Brasil, nos jornais Correio de Minas, Diário de Pernambuco e Jornal do Commercio, entre outros.
A polêmica continuou após o documentário pronto. “O Jardim das Aflições” foi rejeitado em todos os festivais nos quais foi inscrito – decisões nas quais o diretor Josias Teófilo vê um julgamento político, não estético. “O establishment cultural, dominado pela esquerda, não quer que os brasileiros vejam esse filme”, diz.
“O mais curioso é que, apesar da polêmica, não é um documentário político”, diz Josias, que hoje mora em Petersburg, cidade no Estado da Virgínia, nos Estados Unidos – não muito longe do próprio Olavo de Carvalho, que saiu do Brasil há anos.
“O Jardim das Aflições” retrata o cotidiano do filósofo em sua casa, na Virgínia. A obra capta a atmosfera de trabalho intelectual, convívio familiar e, principalmente, o seu pensamento filosófico — exposto em momentos distintos da sua rotina, com temas específicos encadeados numa narrativa. A dualidade entre a vida cotidiana e a transcendência filosófica é o eixo de sustentação do documentário, que mostra a filosofia de Olavo de Carvalho corporificada pela sua presença.
O filme mostra um filósofo que talvez surpreenda os que só o conhecem pelos posts nas redes sociais e artigos polêmicos. O documentário é repleto de reflexões e ensinamentos sobre vida intelectual, cultura e religião, surgidos à medida que Olavo de Carvalho responde às perguntas elaboradas pelo jornalista Wagner Carelli (criador das revistas Bravo! e República). Aos poucos, revela-se um homem que dedicou sua vida à busca de conhecimento, não pelo simples desejo de erudição, mas para encontrar respostas às questões que o preocupavam. Ao fim, tem-se um filme do qual o espectador, seja qual for sua opção política, pode extrair lições para sua própria vida.
Financiamento coletivo
O Jardim das Aflições se diferencia da maior parte da produção cinematográfica brasileira pela forma com que foi viabilizado: sem verba pública, editais ou leis de incentivo, financiado através de uma rede de colaboradores, que se tornam também difusores do projeto. O filme captou cerca de 315 mil reais em três fases de arrecadação, por meio de 2800 investidores. Foi o maior crowdfunding (financiamento coletivo) já feito no país.
O nome do documentário é homônimo ao livro de Olavo de Carvalho, cujos temas (principalmente a ideia de jardim na tradição filosófica) são tratados no filme. A música original foi composta por Guto Brinholi, compositor brasileiro que mora na Itália, e executada no acordeon pelo músico Vladislav Cojoru.
Nas sessões privadas e nos teasers distribuídos online, “O Jardim das Aflições” têm chamado atenção pela alta qualidade da fotografia, da direção e da trilha sonora.