Uma das primeiras perguntas que aparecem no texto sagrado do Velho Testamento encontra-se em Gênesis 3:9 quando, após a transgressão de Adão, o Senhor Se aproxima e chama: “Onde estás?”
A primeira pergunta que figura no Novo Testamento é a que os magos do oriente fizeram ao chegar a Jerusalém: “Onde está o recém nascido Rei do judeus?” (Mateus 2:2), Esses dois pontos de interrogação poderiam resumir respectivamente a mensagem das duas partes da Bíblia. O Velho Testamento mostra ao homem sua verdadeira situação de afastamento de Deus, No curso das peripécias de 4.000 anos de história, sua depravação se acentua. As cláusulas da aliança divina com Moisés põem em evidência o abismo que separa o Criador de Sua criatura. Entre o Deus de Jacó, do povo de Israel, o supremo Legislador, e Seus súditos sujeitos às Suas leis, há um abismo. A comunicação das ordenanças dessa aliança acaba por se apagar sob as repetidas desobediências do povo eleito.
À luz brilhante da Revelação segue-se a noite do silêncio reprovador do céu, que se estende do profeta Malaquias (fim do século V ou começo do século IVA.C.) ao nascimento de João Batista. “Onde está Adão? onde estão os filhos de Adão?” No desespero e fracasso do pecado! É o que respondem em uníssono os 39 livros do Velho Testamento. Em quem achar socorro e livramento? Naquele que nasceu em Belém. É o que afirmam sem hesitação os 27 livros do Novo Testamento. E “onde está-Ele?” Onde está Aquele que pode Arrancar o homem à condenação de seu pecado?
Os quatro Evangelhos nos descrevem Jesus Cristo em Sua vida terrestre, Sua morte expiatória, Sua ressurreição corpórea, Sua ascensão à glória. O livro dos Atos e as Epístolas nos revelam em Sua posição atual de Sumo Sacerdote, assentado à direita da Majestade divina.
O Apocalipse nos descreve a iminência de Sua volta gloriosa à terra. E todo o conjunto do Novo Testamento decreta as cláusulas de uma nova aliança, pela qual Jesus Cristo consente em habitar pelo Seu Espírito Santo no coração do crente: salvação maravilhosa, completa e definitiva, que concentra todos os fatores divinos sobre o redimido, salvo pela graça, segundo a infinita misericórdia de seu Deus.
A palavra “testamento”, título dado às duas partes da Bíblia, lembra pois, com muita propriedade, a herança espiritual a nós transmitida pelas duas alianças divinas: a velha aliança da lei, revelada a Moisés, e a nova aliança da graça, manifestada em Jesus Cristo ( João 1: 17).
Ao lado de muitos outros textos neo-testamentários, a Epístola aos Hebreus (capítulos 7 a 10) explica como a nova aliança substituía velha.
Seu autor era profundo conhecedor do Antigo Testamento. É com pleno discernimento que utiliza o termo “testamento” (Hebreus 9: 16-18) para designar o código jurídico em virtude do qual a morte expiatória de Jesus Cristo nos coloca dentro da “riqueza da glória da Sua herança nos santos” Efésios 1: 18. “Porque, se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, de maneira alguma estaria sendo buscado lugar para segunda”, Hebreus 8:7. “Quando Ele diz Nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido, está prestes a desaparecer” Hebreus 8:13. “Por isso mesmo, Ele é o Mediador da nova aliança a fim de que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia sob a primeira aliança, recebam a promessa da eterna herança aqueles que têm sido chamados. Porque onde há testamento é necessário que intervenha a morte do testador” Hebreus 9:15, 16.