“Ó Senhor, quão variadas são as tuas obras! Todas as coisas fizestes com sabedoria; cheia está a terra das tuas riquezas.” (Salmos 104.24)
É muito bela a visão do salmista, que percebe a multiplicidade e a variedade das coisas, a riqueza que há na diversidade da criação de Deus. Ele tem um olhar que muitas vezes nos falta, pois nos acostumamos com o que enxergamos e deixamos de ver. E com isso perdemos tantas belezas, tantas oportunidades de adoração e crescimento espiritual. As vezes só temos olhos para as mesmas coisas. Mas, dentre as perdas de visão que temos sofrido, a mais grave é a que afeta nosso modo de olharmos uns para os outros, nossa atitude de rejeitar pessoas que são diferentes de nós.
Devemos ter mais cuidado com nossa tendência ao egoísmo, pois ele é amigo íntimo no narcisismo que nos faz querer sempre mais, mas sempre do mesmo. E um mesmo que se pareça conosco, que se enquadre em nossas preferências e modo de agir. Perdemos de vista a beleza do outro e nos tornamos incapazes para um jeito diferente de olhar a vida e reagir a ela. Devemos ser mais humildes e resistir um pouco mais à tendência de rejeitar pessoas que se apegam a ideias diferentes, para quem nossa cor preferida é feia e que pensam da vida o que não pensamos. O natural é mantermos distância, mas devemos saber que estamos perdendo. Perdendo a possibilidade de não pecar pela arrogância que nos leva a desejar um mundo que seja somente do nosso jeito. Há uma riqueza que se manifesta naquilo que não apreciamos e naqueles de que não gostamos. E devemos desenvolver olhos para vê-la.
Tom Jobim escreveu uma linda canção que declara: “Se todos fossem iguais a você! Que maravilha viver!”. Declaração de alguém amando outro e se encantando com seu jeito de ser. Funcionamos de um jeito que mudaria essa poesia para “Se todos fossem iguais a mim! Que alegria sem fim!”. Mas somos diferentes. Deus nos deu essa possibilidade. Filhos dos mesmos pais são diferentes, porque são uma mistura singular. Deus nos ama a todos e, assim como nos ama, devemos nos amar o bastante para aceitar o estilo e características de cada um. É algo simples, mas difícil demais para nós, pois é algo profundo. Deus criou tudo ricamente variado e isso inclui todos nós. Aprendamos a nos amar e a nos respeitar nas diferenças e honremos a Deus com isso! Olhe seu próximo e glorifique a Deus!