Especialista mostra a forma para conviver com esse distúrbio de aprendizagem que atinge diretamente milhares de crianças
Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), em 2007 cerca de 39 milhões de crianças cursavam a Educação Infantil e o Ensino Fundamental. Dentro desse universo, de acordo com a professora de Psicologia da Faculdade Pitágoras de Linhares, Luciane de Freitas Machado, isso significa uma possibilidade de encontrar nessa parcela limitada da população, cerca de 760.000 jovens escolares com distúrbios específicos de leitura. “Em termos de porcentagem, em torno de 10% da população em idade escolar apresenta dislexia”, estima.
Dislexia é um transtorno específico de aprendizagem, caracterizado pela dificuldade de reconhecimento de palavras, de soletração e decodificação, provocando trocas de letras na expressão da escrita, onde geralmente há mais dificuldades que na leitura. “Este tema é impactante no mundo inteiro se considerarmos os dados estatísticos, principalmente nos países em que a língua obedece a uma conduta fonética, ou seja, a ortografia (forma de transformar sons em símbolos escritos) se baseia em uma correspondência entre sons e letras (cada som corresponde uma letra)”, explica. “Diferente de países em que um único som pode corresponder a diversas letras ou grupos de letras (tipo etimológico de ortografia).”
O diagnóstico de dislexia deve ser feito por um profissional experiente capaz de diagnosticar o mais precocemente possível e intervir, de preferência junto a uma equipe multidisciplinar, formada por psicólogos, fonoaudiólogos, pedagogos e neurocientistas. “É importante capacitar os profissionais da educação, principalmente os professores, pois quanto mais precoce o diagnóstico mais chance o disléxico tem de superar as dificuldades de aprendizagem, evitando a defasagem e o atraso na carreira escolar”, elucida a docente. “A inclusão permite uma vida saudável e integrada no sentido mais amplo do direito a autonomia, afinal os transtornos de aprendizagem contribuem para o fracasso e a evasão escolar de um grande número de jovens, impedindo-os de concluírem eficazmente as primeiras séries de ensino.”
“A dislexia não é uma doença, sendo assim não há cura”, ressalta Luciane. O que se pode fazer é colaborar para a construção um ambiente favorável a aquisição da linguagem verbal e escrita, trabalhando a estimulação de habilidades que permitam ao disléxico superar as dificuldades. O processo interventivo requer atividades práticas utilizando exercícios de leitura; organização; psicomotricidades; exercícios de prática e aumento de fluência verbal, oral e de soletração entre outros. Os resultados de intervenções multidisciplinares e principalmente na infância quando o cérebro possui grande plasticidade, são bastante favoráveis. Mesmo em adultos, tem-se obtido resultados satisfatórios o que nos permite dizer que este é um Transtorno superável através da reeducação ortofônica e psicopedagógica.
Sintomas da dislexia
• Leitura lenta ou silabada;
• Confusão entre palavras similares;
• Adivinhação de palavras;
• Trocas na escrita provocando erros na sua transcrição;
• Inabilidade para aprendizagem da leitura e expressão escrita;
• Dificuldades na fixação de alfabeto, de tabuadas e de sequencias de eventos;
• Falta de atenção e de concentração;
• Dificuldade em memória de curto prazo;
• Dificuldades com rima e aliteração.
• Inabilidades psicomotoras e desorganização geral;
• Confusão entre orientações direita e esquerda;
• Trocas na ordenação de números e palavras;*
• Problemas emocionais advindos de um histórico em relação ao desempenho escolar.