Dilma pede ao papa que compreenda as “opções diferenciadas das pessoas”

A presidente Dilma Rousseff pediu na segunda-feira, 18, ao papa Francisco que compreenda as “opções diferenciadas das pessoas” e alertou que apenas cuidar dos pobres não é suficiente. Nesta terça-feira, 19, o Vaticano realiza a cerimônia de entronização do novo papa, num evento para mais de 150 autoridades e transmitido para todo o mundo.

Nas ruas de Roma, um milhão de fiéis são esperados. Dilma desembarcou na capital da Itália com uma ampla delegação para demonstrar a importância da Igreja para o país. “É uma postura importante, um papa preocupado com a questão dos pobres no mundo”, disse, ao sair de uma visita a um museu na capital, referindo-se ao discurso de Francisco de combate à pobreza. “Ele tem um papel especial”, acrescentou, apontando que esses foram alguns dos princípios básicos que inspiraram o cristianismo. Mas alertou: “É claro que o mundo pede hoje, além disso, que as opções diferenciadas das pessoas sejam compreendidas”.

Cuidadosa para não ferir nenhum grupo de eleitores e apoio – nem protestantes, nem homossexuais, nem católicos, nem defensores do aborto -, ela não explicou a declaração. Mas Dilma foi interpretada como uma alusão a temas polêmicos para a Igreja, como a expansão de templos evangélicos, o aumento do secularismo na sociedade, homossexualismo, aborto e até o uso de preservativos. A relação entre o governo da presidente e a autoridade eclesiástica tem sido marcada por atritos. Semanas antes da eleição, em 2010, a campanha de Dilma foi surpreendida por uma declaração do então papa Bento XVI aos bispos do Maranhão contra alguns dos pontos defendidos por ela.

Outro item que tem irritado a administração federal é a decisão da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) de fazer declarações sobre temas como o Código Florestal, leis no Congresso e assuntos como o homossexualismo, interrupção da gravidez e outros temas. Nesta terça-feira, a presidente estará na solenidade de elevação ao trono de Francisco, ao lado de 150 autoridades de todo o mundo. A previsão é de que Dilma faça parte da fila de cumprimentos a ele após a missa e os dois troquem algumas palavras. Francisco deve convidar a presidente para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), organizado pela Igreja Católica Apostólica, que ocorrerá no Rio, em julho. Dilma ainda não confirmou a participação. Outra questão que não deixa de irritar a presidente é a possibilidade de que d. Odilo Scherer fosse considerado como um dos favoritos no conclave.

 

Estadão

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