Há coisas que são de todos: comer, dormir, fazer sexo. Há coisas que poucos fazem: lutar pelo estudo e pela ciência. O tempo gasto, umas explicam a raridade das outras. Nenhum homem é recordado pelo que comeu, mas alguns são pelo que pensaram ou estudaram.
Hoje, este pensamento de negação, não nega o sexo, a comida ou o sono, a negação é sempre do abstrato, o inatingível. É como se aproximar de um rochedo, e ser alertado que naquele lugar os rochedos são escorregadios e o mar traiçoeiro e não acreditar, e a onda que arrebenta neste momento, violenta, o levar, e depois nada, só a morte, e esta diferença de compreensão criou no Brasil um cemitério com quinhentas mil mortes.
E imaginamos a morte a puxar tanta gente para o interior da ardente terra, neste rochedo escorregadio da negação, estas vidas se fundiram pelo vírus, antes de tornarem-se cinza e pó. A agonia de morte. O túmulo frio. É como se cada palavra que foi negação, fosse um pedaço da existência de uma pessoas que se decompôs.
A natureza da vida é sagrada. Para a maioria das pessoas, ela aparece como um relâmpago, no espaço profundo entre uma respiração e a seguinte. Muitos que morreram avançavam nas areias movediças de uma ilusão. A fumaça dos maus pensamentos se dissipou com a morte. Estou aqui ainda vivo e flutuo no mundo sem otimismo, mas com os olhos cheios de atenção.