Artigo: Manuela Motta. Advogada, assessora jurídica de empresa estatal, especialista em Direito Tributário
Na geografia das falas e dos lugares tecnológicos, reais e sociais, Taurino Araújo, CBJM é texto e contexto sobre a desigualdade com sotaque de utente nordestino, mas abrangência universal: são diálogos, conforme os define Gadamer, tanto na interdependência do todo e das partes quanto na produção de sentidos considerados relevantes para os diversificados auditórios do governo, negócios, direito, educação, saúde e terceiro setor.
Veja-se a qualidade, a quantidade e a variedade de estudos a respeito dele desde 30 de agosto de 2017, quando se deu a defesa de seu PhD em Buenos Aires. Consolida-se, a partir dali, uma polianteia, miscelânea peculiar e rara em torno de Taurino com base em dianoia, termo usado por Platão para definir a potência do pensamento discursivo, em contraste com a sua apreensão imediata (noesis), que Aristóteles divide em dianoia teórica (episteme) e prática: techne e phronesis, aquele saber prático, intuição e autoconhecimento que revelam prioridade de compreensão, atividade dialógica e situada a justificar o intenso e tão diversificado interesse em torno de Taurino e de sua hermenêutica da desigualdade.
Ao se debruçar sobre o único idêntico global por excelência (a desigualdade) Taurino Araújo é como se fosse o método mais apropriado para “revelar” de antemão aquele sentido inicial dos textos a que se refere Gadamer, para depois calibrar e aferir certas expectativas que, no exemplo de Taurino, são para demonstrar a desigualdade de tudo, que é e será sempre desigual, mas pode ser aproximado através de seu método em constante revisão “à medida que aprofunda e amplia o sentido do texto” (Gadamer) sob tal enfoque. Por isso, esta hermenêutica da desigualdade é considerada por Nelson Cerqueira um monumento extremamente inovador au-delà de Sócrates, Platão e Aristóteles, talvez em razão de uma genial sacada: em Taurino Araújo, a intuição ou “pressentimento” do todo (Jean Grondin) espetacularmente ocorre sem prejuízo da concepção do particular que, aqui, coincidirá com o próprio desigual.