Não parou de analisar tudo que o médico tinha dito, tentando traduzir em linguagem simples todas aquelas palavras científicas obscuras e confusas e ler nelas a resposta para a pergunta: estou mesmo mal ou não é nada de mais? E lhe pareceu que o sentido de tudo que o médico tinha dito era que ele estava muito mal.
Ao sair no consultório tudo nas ruas parecia triste, os pedestres e as lojas eram tristes. E aquela dor, uma dor surda, renitente, que não cessava um segundo, parecia adquirir outro sentido, mais grave, sob o efeito das palavras obscuras do médico.
O dia útil acontecendo com todo o seu movimento comercial, apesar do diagnóstico sombrio. Foi a imersão na rotina o que impediu de enlouquecer. Para ele, a rotina era uma espécie de fronteira, um portal para sua memória e estado de espírito. O portal que mostrava a efemeridade das melhores e mais seguras esperanças e aspirações terrenas.