“Saúde mental, valorização e respeito às diferenças”, esta afirmação descrita na faixa instalada no auditório Monte Pascoal, no Centro de Convenções, em Porto Seguro, nesta sexta-feira, 18/05, foi a tônica do Dia Nacional da Luta Antimanicomial comemorado hoje, durante a realização do I Seminário promovido pela Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), com o apoio das Secretarias de Saúde do município e Santa Cruz de Cabrália.
A abertura oficial do evento, composta por usuários do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS II), funcionários, familiares, estudantes do curso de Bacharelado Interdisciplinar em Saúde, da área de saúde mental e acadêmicos da Faculdade de Ciências Médicas, contou com ampla programação, tendo o intuito de mobilizar a sociedade sobre a importância de construir coletivamente a saúde mental humanizada, a partir dos avanços e conquistas obtidos com a reforma psiquiátrica brasileira.
Mesa Diretiva
A professora Raquel Siqueira acompanhada da diretora do CAPS II, Vandermilza Barbosa, recebeu à mesa diretiva formada pelo representante do Instituto de Artes e Ciências, Marcos Bernardes, professor da área de saúde mental, Diego Leal, terapeuta comunitário indígena, Ubiraci Pataxó, professora Angela Garcia e a paciente do CAPS II, Maria Dias.
“Hoje transbordo de amor e alegria ao ver os usuários, familiares e funcionários na UFSB, a quem agradeço muitíssimo o convite da professora Raquel Siqueira. É extremamente relevante discutir o direito do cidadão, independentemente das condições mentais, ter o direito assegurado de viver em sociedade, como pessoas livres. Os manicômios eram instituições de violências, por isso lutamos arduamente pela manutenção e fortalecimento de uma rede de serviços e estratégias territoriais e comunitárias, profundamente solidárias, inclusivas e libertárias, como os CAPS. Nós temos que avançar, retroceder jamais”, define a diretora Vandermilza Barbosa.
Programação
O público pôde conferir a exposição de trabalhos artesanais (bonecas, telas, jarros de flores) elaborados pelos próprios pacientes do CAPS II. O cronograma de atividade seguiu com a exposição da linha do tempo referente à reforma psiquiátrica do Brasil e o movimento nacional em defesa da luta antimanicomial. Em seguida, estudantes do PETSaude GraduaSUS, segmento saúde mental, partilharam a integração ensino-serviço-comunidade para construção do projeto de intervenção junto ao território do Parque Ecológico em conjunto à saúde básica e Centro de Atenção Psicossocial do município.
Integração humana
Um dos pontos altos do evento, que emocionou os participantes, deve-se a apresentação musical do paciente Ronivaldo Braga, intérprete e autor da canção “Somos todos iguais”. Na sequência, aconteceram depoimentos de usuários, a exemplo do Herládio. Com voz embargada, ele compartilhou a satisfação de voltar a estudar. “Voltei a estudar, isso é vitória pra mim. O caps não pode acabar. A saúde mental deve ser respeitada, porque todos nós somos iguais”, diz.
O fechamento do seminário contou com a realização da Roda de conversas, distribuídas em 2 eixos temáticos: cartografia da situação local, regional e nacional da reforma psiquiátrica e da luta antimanicomial e saúde mental no campo: saberes e práticas.
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