Devaneios e desafios

“A esperança não murcha, ela não cansa, também com ela não sucumbe a crença, vão-se sonhos nas asas da descrença, voltam sonhos nas asas da esperança”. Augusto dos Anjos (1884-1914).

Por que o homem se questiona, sonha até acordado, fantasia em irrealidades e, mesmo assim, não perde o senso do que lhe cerca, do real, continuando na marcha idealizada em direção a objetivos, verdadeiros desafios por um amanhã diferenciado?

Tantos são os mistérios a se desvelarem quanto maiores as frustrações por vezes sentidas, tudo a permear a caminhada, no somatório conhecimento e ilusão de que é feito o instante; o ato de viver experimentando realidades e fantasias , através do cotidiano das vivências próprias de cada ser.

Todos possuem no âmago mais profundo de si mesmo aquela chama que não se apaga e resiste pela continuidade da luta, na busca do encontro/desencontro, do querer mais e sempre mais, da não desistência pelo prosseguir na materialização dos sonhos.

Devaneios estão para todos, não há porque limitá-los à exclusividade dos poetas como sugerem alguns, também não representam apenas a fantasia pura e simples do sonhar, da ilusão, da “viagem incontida” do pensamento sem medidas e projeções as mais infinitas da alma insatisfeita. São, muito mais, os desafios que conduzem à eterna busca, pois, assim sendo, que sejam bem-vindos os devaneios!

Ao se pensar o Brasil do futuro – para muitos já se vive nele – com uma sociedade mais igual em oportunidades, os desafios ainda existentes a impedirem a sua evolução econômica, tecnológica, ou social, são perfeitamente superáveis. Os avanços da sociedade brasileira são mais que perceptíveis, e já encontram ressonância no seu próprio meio, com as classes emergentes usufruindo relativa qualidade de vida, fruto da estabilidade econômica implantada há quase dois decênios, fato reconhecido pela crítica mundial.

Dentro da lógica (?!) dos devaneios e desafios, elocubrando-se expectativas de saídas para o progresso nacional, a educação – como instrumento e caminho – constitui-se a mola mestra a balizar o desenvolvimento por sua ação transformadora.

Não custa repetir uma reflexão posta em texto anterior “Talvez caiba aqui, como lembrete, um pouco do Japão moderno, de sua tecnologia, e posição econômica mundial apenas superada por Estados Unidos e China, bem como a qualidade de vida do seu povo, o respeito à cultura milenar e o progresso certamente pela decisão daquele país que definiu, para muitos anos, a Educação como prioridade número um, dentre todas as demais prioridades nacionais, tornando-se exemplo mundial a ser meditado e seguido”.

Que nos devaneios da atualidade, em face os desafios antevistos, aqueles com as responsabilidades de condutores das políticas nacionais, independentes de quaisquer níveis de governo,seja federal, estadual e municipal, público ou privado, possam adotar os exemplos de outras nações traçando a médio ou longo prazos objetivos e meios, de forma a se priorizar a educação como agente transformadora social, materializando-se devaneios em realidades.

Afinal, repetindo Fernando Pessoa “Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso”.

Assim, sonhar, crê e ter esperanças, ora elementos tão imateriais e fugidios, impelem o homem para os desafios do amanhã, indo além da pura fantasia e demonstrando ser possível a construção com qualidade do advir social.

 

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