Deus e a vida

“Minha vida só me dá desgosto; por isso darei vazão à minha queixa e de alma amargurada me expressarei. Direi a Deus: Não me condenes, revela-me que acusações tens contra mim.” (Jó 10.1-2)

A tragédia de Jó nos comunica muitos ensinos. É fascinante a complexidade desse livro! Afinal, ele expõe a alma humana e suas idiossincrasias, aspectos tão nossos, mas tantas vezes negados quando concebemos a vida como um ambiente controlável e, especialmente, quando concebemos a fé em Deus como algo funcional, um instrumento para ser feliz. Olhe para as palavras de Jó! Essa é a “voz” de um homem ferido, frágil, confuso, ansiando por algo que lhe dê alívio, ainda que seja apenas compreender melhor a própria dor. Mas é também a “voz” de um homem que crê.

Como lidamos com nossas dores? Há muitas formas. Mas, como deveríamos lidar? Podem haver também muitos conselhos. Vamos aprender um pouco com Jó. Até aqui ele já nos deu muitas lições boas. Ele declarou: “Deus deu, Deus tirou. Seja Seu nome louvado”. Há muita gente pronta para declarar o poder que Deus tem para dar, mas muitos poucos querem pensar no direito que Deus de tirar. Jó foi além da fé funcional. Jó agiu pela fé. Mas ele também agiu como um ser humano. Foi capaz de lidar com a chegada da tragédia – e que tragédia! – mas depois assumiu sua fragilidade. Não se encolheu, lutou: com seus amigos simplistas e com seu Deus silencioso. Há pessoas que, apenas porque creem, não conseguem ser humanas! E outras que, apenas porque são humanas, pensam que não creem! Jó nos dá uma lição de fé e de humanidade.

Jó não faz de conta, não finge, ele é verdadeiro. Ele fala de sua indignação e confusão. O tempo todo ele age como um homem de fé, mas sem negar-se o direito de ser humano, de estar confuso. Ele não abandona sua fé, mas também não se faz de super homem. Ele briga com Deus para não desistir da fé e se apega a Deus para não desistir da vida. Ele quer morrer, mas só morrerá se Deus quiser. Ele acha que Deus é justo, mas está confuso por causa da vida. Num mesmo coração, tanta fé e tanta humanidade. As vezes, parece que é isso que nos falta para que nosso cristianismo seja, de fato, fé cristã.

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