Ausência de ligação entre mentes que querem o desfrute instantâneo com as aglomerações de fim de ano e a realidade de sofrimento e mortes com perdas humanas diárias, ditas a todo instante que não são assimiladas pela maioria dos jovens, parece existir uma desconexão, como uma ilusão de que a saúde de ontem é igual a de amanhã.
Os médicos hoje veem apenas números crescendo nos hospitais, há também a perda da empatia de muitos, frente a tantos casos. Triste esta perda de realidade, mas sempre foi assim, os palcos das festas com as tábuas rangendo sob os pés com as danças, enquanto a noite nos hospitais a ferocidade do vírus matando muitos, então a desconexão, música no mesmo instante de muitos sofrimentos, isto é chocante e terá um preço.
A forma como se vive uma experiência, molda como a próxima surgirá. A explosão de alegria e vida das festas de fim de ano em algum momento do caminho trará dor e frustração e chegara com força abalando a delicada ordem desse arranjo complexo que é a vida, que começará a desmoronar em muitas famílias. Essa deterioração vem com a interpretação errada do perigo.
A percepção faz a realidade, mesmo que essa percepção seja uma mentira. Vejo hoje as pessoas que desrespeitam a ciência, como seres em estado cru, selvagem, vivem na superfície e não vão ao fundo de si mesmo, talvez por medo de ir até lá, medo do encontro consigo mesmo, precisam da aglomeração para aguentar o peso do viver neste momento crítico.
*João é natural de Salvador, onde reside. Engenheiro civil e de segurança do trabalho, é perito da Justiça do Trabalho e Federal. Neste espaço, nos apresenta o mundo sob sua ótica. Acompanhe no site www.osollo.com.br.