Segundo informações do delegado chefe da Polícia Civil, Joselito Bispo, Nélis foi beneficiado por um habeas corpus solicitado por seu advogado e concedido pela Justiça
Foi posto em liberdade no início da noite desta quarta-feira (15) o delegado José Nélis Araújo Júnior, preso no último dia 18 de agosto em Salvador, acusado de ser o mandante do assassinato do delegado de Ipiaú André Serra, em outubro de 2009.
Segundo informações do delegado chefe da Polícia Civil, Joselito Bispo, Nélis foi beneficiado por um habeas corpus solicitado por seu advogado e concedido pela Justiça. Agora ele aguarda o julgamento em liberdade, porém deve manter residência fixa e informar às autoridades sobre qualquer viagem que venha a fazer.
Nélis foi beneficiado por um habeas corpus e aguardará o julgamento em liberdade
O assassinato do colega teria sido ordenado porque Serra estava investigando crimes e irregularidades cometidos por José Nélis, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP). Na época do crime, José Nélis comandava a 8ª Coordenadoria da Polícia Civil (Coorpin), em Teixeira de Freitas. Segundo a denúncia, ele era inimigo do delegado André Serra. Os dois se tornaram desafetos por conta da investigação do homicídio do deputado Maurício Cotrim, em 2007, mas segundo o secretário de segurança pública César Nunes, Nélis mandou matar André Serra porque este estava investigando situações que incriminavam o delegado da 8ª Coorpin.
“Crimes de homicídio, crimes envolvendo partilhas de terra em que determinadas pessoas foram beneficiadas e que contou com a proteção do delegado Nélis”, disse Nunes. Depois da desavença entre os dois delegados, Nélis foi afastado da 8ª Coorpin e passou a comandar o 2º Distrito de Feira de Santana. Foi quando Serra começou a investigar crimes cometidos pela quadrilha protegida por Nélis. Sabendo da investigação, Nélis encomendou a morte do colega ao pistoleiro Magno Nogueira da Silva.
Nélis ainda é acusado de tentar acordos com presos. José Américo dos Reis Filho, condenado a mais de 98 anos de prisão por ter ordenado uma chacina na cidade de Itajuípe, disse em depoimento à polícia que o delegado José Nélis, responsável na época pelas investigações, teria cobrado R$ 200 mil para não citar seu nome no processo.
Membros de quadrilha foram presos
Foram presos, além de Nélis, Antônio Calumby Filho, Manoel Tercínio de Araújo e Manoel Barreto, nas cidades de Ubaitaba, Ubatã, Maraú e Camaçari. Nélis recebia dinheiro dos bandidos para não investigar assassinatos e outros crimes cometidos por eles. As investigações que levaram às prisões duraram 10 meses.
O delegado André Serra foi morto em outubro do ano passado quando dois homens em uma moto atiraram quatro vezes contra ele, em uma praça em Ipiaú. Os dois pistoleiros também tiveram mandado de prisão expedido, mas ainda não foram presos.
Fonte: Correio da Bahia