“E quando vocês orarem, não sejam como os hipócritas. Eles gostam de ficar orando em pé nas sinagogas e nas esquinas, a fim de serem vistos pelos outros. Eu lhes asseguro que eles já receberam sua plena recompensa.” (Mateus 6.5)
Quanto mais formalidades em nossa religiosidade (e é difícil que não haja formalidades), maior o risco que corremos de nos desviar do propósito que deveríamos honrar. Maior o risco de fazemos o que é certo e bom pela razão errada. No caso dos judeus, havia a formalidade da oração pública e nas reuniões nas sinagogas. Não era qualquer judeu que as fazia! Normalmente era um certo grupo dominante de religiosos. Eram os donos da palavra. E participar do programa era motivo de vaidade pessoal e influência religiosa. Nessas condições a oração poderia ficava em segundo plano. O orador se tornava mais importante e a oração servia ao ego. Usar certas palavras e impressionar tornava-se facilmente um objetivo. Jesus viu isso acontecer muitas vezes e combateu, chamando-os de hipócritas. Seus motivos não eram o que suas atitudes aparentavam.
Todo sistema religioso tem sua hierarquia e seus valores. Valorizamos certos comportamentos, certas formas de vestir e há uma certa imagem que se encaixa no que imaginamos corresponder ao adequado para um crente, alguém correto e bom. Para alguns, uma pessoa tatuada não se parece com um cristão verdadeiro. E para outros um pastor que se veste de forma casual não parece honrar de verdade o papel que deve cumprir. São nossas formalidades. Por outro lado há também a possibilidade de, independente do modo como nos vestimos, sermos movidos por orgulho, fazendo da religião um palanque para nossa vaidade. De ocuparmos certo lugar por orgulho, centrados na própria imagem. Um pastor pode ser zeloso para pregar bem no domingo, mas não por amor às pessoas e a Deus. Pode estar a serviço do ego. Parece que estamos sempre a um passo do desvio. Por isso Jesus adverte: tenham cuidado para não serem como os hipócritas!
Se queremos andar com Deus e servi-lo de coração, precisaremos colocar o ego no devido lugar e superar o mal, especialmente o que vem de dentro. Os desvios podem ser muito sutis, fáceis de encobrir e difíceis de serem diagnosticadas. Mas nossa vaidade e egoísmo disfarçados por nossa religiosidade não passam despercebidos por Deus. Para que nossa espiritualidade não se desvirtue em carnalidade, precisamos de Deus. Precisamos buscar o quebrantamento e humildade na comunhão com o Espírito Santo. Se nossa religiosidade é cheia de formalidades ou se é de um tipo mais simples, não importa, corremos riscos sem a ajuda constante do Espírito Santo, que nos sonda e conhece. E quando há motivos ocultos em nossa espiritualidade, não há outro diagnóstico adequado além do de Jesus: somos hipócritas. Tenhamos cuidado!