Cruz Vermelha na Bahia foi usada para pagar propina a Negromonte, diz MPF

Cruz Vermelha na Bahia foi usada para pagar propina a Negromonte, diz MPF
O ex-ministro das Cidades Mário Negromonte (PP)
(Foto: Rodrigo Nunes/MCidades)

A Cruz Vermelha Brasileira na Bahia foi usada pelo esquema do PP na Petrobras para repassar propina ao ex-ministro, ex-deputado federal e atual conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), Mário Negromonte. A informação consta na ação de improbidade administrativa que o Ministério Público Federal (MPF) moveu contra o PP e caciques da sigla na Bahia como o próprio Negromonte, o filho deputado federal Mário Negromonte Júnior e o também deputado federal Roberto Britto no âmbito da Lava Jato.

De acordo com o MPF, a entidade foi usada no período em que o empresário e ex-secretário de Transporte e Infraestrutura (Setin) no governo João Henrique, José Mattos (PP), era presidente. A procuradoria da República, no entanto, não menciona quanto foi pago por meio da organização.

Já por meio da CEEMA – Construções e Meio Ambiente, o MPF aponta, com base em delações premiadas, que o atual conselheiro recebeu R$ 12 milhões.

Os acertos, segundo delação premiada do doleiro Alberto Youssef, teriam começado nos idos de 2006 em meio à reestruturação do setor petroquímico, quando começaram as tratativas de criação da empresa Quattor, uma associação entre a Petrobras e a Unipar, empresa está de propriedade na época do empresário Frank Geyer Abubakir.

Segundo o delator, em 2005, o proprietário da Unipar procurou o então deputado federal José Janene, já falecido, para tratar da criação da Quattor, que seria uma concorrente da Braskem, então gigante do setor petroquímico. A comissão pelo “trabalho” seria de R$ 18 milhões a serem pagos a Janene, mas, contou Youssef, Mario Negromonte teria “atravessado” o negócio, “passando a receber a comissão por meio de um empresário da Bahia”.

Das negociatas, Youssef disse acreditar que Negromonte tenha recebido R$ 12 milhões e que repassou R$ 1,2 milhão a Janene entre 2007 e 2008. De acordo com o doleiro, Janene ficou insatisfeito com o processo e resolveu reclamar diretamente com a Quattor por Negromonte ter “atravessado” o esquema. Na época em que a informação sobre este repasse veio à tona, no ano passado, o conselheiro negou o recebimento de propina.

CEEMA e Cruz Vermelha – Para o pagamento da propina, de acordo com o Ministério Público Federal, “deslindou-se que foram utilizadas de maneira interpostas a empresa CEEMA – Construções e Meio Ambiente LTDA e outras do mesmo grupo, de propriedade de José da Silva Mattos Neto, bem como a Cruz Vermelha Brasileira – filial do estado da Bahia, de que o mesmo José da Silva Mattos era presidente à época”.

Segundo o MPF, as operações de busca e apreensão realizadas em Salvador (foto acima) resultaram na colheita de diversos elementos que evidenciaram a relação entre o ex-parlamentar Mário Negromonte e o empresário baiano José Mattos, a exemplo de extensa conversa encontrada no celular do empresário com o ex-parlamentar tratando de indicações políticias para cargos comissionados na Bahia.

“O repasse à CEEMA foi feito parcialmente por pagamentos diretos da empresa Unipar e em parte por intermédio da empresa Polietilenos União S/A, do grupo Unipar”, aponta a procuradoria da República na ação direcionada ao juiz federal Sérgio Moro.

Nas buscas, a PF encontrou notas fiscais fictícias emitidas por ambas às empresas em favor da CEEMA entre 26 e 28 de novembro de 2007 que totalizavam R$ 18,5 milhões.

Frank Abubakir fez delação premiada com a Lava Jato e se comprometeu a devolver R$ 32 milhões.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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