Crime e Castigo é um romance publicado em 1866 de Dostoiévski. Com problemas econômicos, Raskolnikov recorre à ajuda de uma senhora que empresta a juros altíssimos e maltrata a sua irmã mais nova, de trinta e poucos anos. Convencido de que a velha tem um péssimo caráter e explora as pessoas vulneráveis que lhe pedem ajuda, Raskolnikov decide assassiná-la. E não sente nenhum arrependimento no ato do assassinato. Afinal, para ele não houve crime, ele não matou um ser humano, matou um “princípio”.
Quando acontece um crime, a verdadeira crise é a interna. No livro de Dostoievski o assassino se acha um ser superior. Para os crimes que assisto hoje, não é um princípio de superioridade, mas se mata a sociedade, sim o criminoso quando atira, atira porque não aceita a condição que a sociedade colocou ele, é a revolta da falta de espaço para crescer. A vida é feita de escolhas. Algumas vezes acertamos, outras, erramos. Eu acho que ser assaltado, não é uma escolha, é consequência de uma sociedade doente já que aqui onde vivemos deixamos de considerar a fome como política pública, existe a falta de infraestrutura, rede de esgoto e saneamento para as camadas menos favorecidas, existe também a falta de acesso ao lazer e a cultura.
Eu vivi um sequestro relâmpago e os bandidos, levaram dinheiro e celular. Aquilo que causou a noite dentro dele também poderia deixar estrelas se estes seres humanos tivessem direito a educação e acesso a todos os bens que a classe média tem. Quisese ou não, a vida destes bandidos giravam havia muitos anos em torno de desestruturas, não conheceu o pai, cedo conheceu as drogas, abandonou os estudos no primeiro grau, nenhum laço afetivo para salvar.
Quisessem ou não, suas respectivas vidas giravam havia muitos anos em torno de faltas, muitas vazios não preenchidos pelo estado. Então em suas vidas existe tristeza, dor, e isso tem que acabar, mas não sei como, os homens públicos de hoje não têm princípios elevados.