“Então disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. Domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais grandes de toda a terra e sobre todos os pequenos animais que se movem rente ao chão.” (Gênesis 1.26)
Fomos criados com a capacidade de exercer domínio. Atualmente, falar em domínio soa como algo ruim, indevido. Afinal, nossa história está cheia de tragédias, abusos, maus tratos, injustiças, destruição e tudo isso ligado a dominadores. Há governos e pessoas que, pelos mais diversos caminhos, exercem domínio perverso e causaram destruição. E ainda causam! Mas dominar não tem apenas essa face ruim, não é apenas explorar. Dominar é também saber lidar. Por isso é que falamos sobre dominar a física, a arte de tocar piano, ou uma motocicleta, indicando a perícia com que alguém a conduz. Portanto, o domínio pode ser positivo e não é sinônimo de exploração, destruição ou ultraje. Fomos criados por Deus com a capacidade de exercer domínio, não uns sobre os outros, como temos feito, mas sobre nós mesmos (Gl 5.23) e sobre a natureza criada. Tudo de forma saudável e honrosa! O mundo foi criado para sustentar e alegrar nossa vida! Para tirarmos dele o necessário deveríamos dominá-lo da forma certa.
Mas nossa ganância roubou nosso bom senso. Temos destruído a bela natureza que Deus criou. Nosso domínio tem sido predatório. Afetamos o equilíbrio natural da criação e com isso colocamos em risco nossas próprias vidas. Os ventos e chuvas tornaram-se perigosos e passamos a ser ameaçados por vírus e bactérias. O desequilíbrio que causamos tem levado espécies à extinção e outras ao descontrole populacional. Visitei as florestas mortas da região de Ushuaia no extremo sul do nosso continente. Centenas de árvores em pé, sem copa, troncos secos e ocos. Um retrato claro da morte! A razão? Por falta de predadores naturais, os castores multiplicaram-se e causaram aquela devastação. O governo estava pagando por cada castor abatido. Fomos criados para dominar, mas temos destruído o que Deus criou. O salário do pecado é a morte (Rm 6.23). E a morte segue em várias direções.
O poeta escreveu: “toda natureza fala do meu Deus”. Mas não apenas dele. Fala também de nós. A desertificação de áreas antes cheias de vida, a irregularidade das chuvas, a escassez de água potável, o desaparecimento de espécies, a multiplicação de bactérias super-resistentes e tantos outros males falam de como temos vivido. Quando o pecado nos afetou, a partir de nós afetou tudo mais. Alguns acham que nada disso importa e nada tem a ver com o Evangelho de Cristo; e que, o que importa é o ser humano e seu destino eterno. Mas se visitarmos o sertão onde não chove há três anos e virmos quanta dor e perda sofrem aqueles que lá vivem, entenderemos melhor a relação entre pecado, ecologia e Evangelho de Cristo. Quando destruímos os recursos que sustentam a vida, pecamos contra aquele que criou a vida e contribuímos com a morte gerada pelo pecado. Sim, isso tem a ver com o Evangelho e é assunto para os redimidos por Cristo!
ucs