Crer é o ponto

“Então alguns começaram a cuspir nele; vendaram-lhe os olhos e, dando-lhe murros, diziam: ‘Profetize!’ E os guardas o levaram, dando-lhe tapas. Estando Pedro em baixo, no pátio, uma das criadas do sumo sacerdote passou por ali. Vendo Pedro a aquecer-se, olhou bem para ele e disse: ‘Você também estava com Jesus, o Nazareno’. Contudo ele o negou, dizendo: ‘Não o conheço, nem sei do que você está falando’. E saiu para o alpendre.” (Marcos 14.65-68)

O caminho percorrido por Cristo nos é incompreensível, assim como tantas partes da história da salvação. Agressões, traição, abandono. Eram mesmo inevitáveis? Não havia outra forma? “Profetize” – diziam os soldados! Em outras palavras, “adivinhe quem bateu desta vez, já que é Deus, e aí vamos respeita-lo e até crer!” Por que Jesus não manifestou Seu poder em lugar de submeter-se? Não seria tudo diferente se Jesus apenas dissesse: “Petrônio, foi você!”? Mas Jesus escolheu outro caminho. E quanto a Pedro, que nega conhecer Jesus? O que faltou para que não negasse? Ele foi avisado!

A fé cristã nos ensina muito sobre o modo de Deus agir. A fé não é cega, embora envolva passos no escuro. Crer não é algo que nos aliena que exclui a reflexão e a investigação. Mas é inegável que os caminhos de Deus são incompreensíveis para nós. Tudo fica ainda mais complexo quando nutrimos a expectativa de que Deus se comporte conforme nós nos comportaríamos se fossemos Ele! Crer é confiar e submeter-se. Como os soldados que agrediam a Cristo, tendemos a justificar nossa falta de fé pela falta de provas. Bastaria Ele nos dar aquela prova e tudo se resolveria. Mas o passo que precisamos dar (e podemos) é a fé. A prova que pedimos é exatamente nossa recusa em crer. Se a recebêssemos, não poderíamos mais dá-lo.

Como Pedro, desconhecemos fraqueza e confiamos em nossas perspectivas. Gostamos de nos sentir senhores das situações e habilmente colorimos nossas escolhas e atitudes para que sempre nos pareçam apropriadas e justificadas. Achamos que ser cristão nos enfraqueceria, quando apenas nos conscientiza e, por causa de Deus, nos fortalece, pois precisamos de Deus. Mas pode ser difícil demais para alguns, pois crer é admitir que Deus está certo e então “dançar conforme a música dele”. O caminho trilhado por Jesus, que nossa mente rejeita, é o caminho da nossa salvação. Ele o trilhou por amor a nós. É estranho, é chocante, mas era inevitável, do contrário Ele o teria evitado. Se esperarmos entender para crer, jamais entenderemos. Pois crer é o ponto!

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