Crença

Crença

Tenho algumas evidências das quais não posso me separar. O que sei, o que é certo, o que não posso negar, o que não posso recusar, eis o que interessa. Posso negar tudo desta parte de mim que vive de nostalgias incertas, menos esse desejo de unidade, esse apetite de resolver, essa exigência de clareza e de coesão. Posso refutar tudo neste mundo que me rodeia, que me fere e me transporta, salvo a fé.

Como diz Herman Hess: “Fé, como eu a entendo, não é fácil de traduzir em palavras. Talvez possa ser assim expressa: Creio que, apesar do seu absurdo patente, a vida ainda assim tem um sentido; eu resigno-me a não poder perceber este sentido com a razão, mas estou pronto a servi-lo, mesmo que para tal tenha que me sacrificar. A voz desse sentido, ouço-a em mim mesmo, nos instantes em que estou completamente vivo e alerta. O que a vida exige de mim nesses instantes, quero tentar realizar, mesmo indo contra os padrões vigentes e as leis comuns. Ninguém pode ter essa crença sob imposição, nem se forçar a ela. Só se pode vivê-la”.

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