Copa terá mais de 3 mil vagas de emprego na Bahia; contratações devem esquentar em maio
A maior parte dos postos de trabalho será nos setores de alimentação, hospedagem e transporte
Quem está desempregado pode ter na Copa do Mundo uma boa oportunidade de voltar ao mercado de trabalho. Sobretudo se sua área de atuação for o turismo. Uma pesquisa divulgada ontem pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) aponta que entre abril e junho deste ano serão gerados 47,9 mil empregos temporários no setor em todo o Brasil. A Bahia irá concentrar 6,4% deles, ou seja, 3.088 vagas.
De acordo com o economista Fabio Bentes, responsável pelo levantamento, a maior parte dos postos de trabalho será nos setores de alimentação, hospedagem e transporte. “Juntos, esses três somarão mais de 90% da demanda”.
A estimativa dele é que as contratações, que já começaram timidamente, se intensifiquem a partir da segunda quinzena de maio, quando o mundial estiver mais próximo. “É que nem as contratações de Natal feitas pelo comércio. As lojas iniciam o processo desde setembro, mas o negócio só esquenta no final de novembro”, compara.
Por enquanto, o SineBahia oferece apenas 190 vagas, sendo 100 para vigilantes da Arena Fonte Nova e 90 para motorista de ônibus da empresa Águia Branca, que vai aumentar sua frota durante o torneio. Para o primeiro posto, é necessário ter curso na área e altura mínima de 1,80m. Já para motorista, a vaga exige seis meses de experiência. Os salários não foram divulgados, e os interessados devem comparecer ao Sinebahia.
O Simm, que também trabalha com intermediação de mão de obra, por enquanto ainda não tem nenhuma vaga para a Copa.
Hotelaria
O setor hoteleiro é um dos que já estão contratando. O vice-presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes Bares e Similares de Salvador e Litoral Norte (SHRBS), Sílvio Pessoa, estima que haja um aumento de 10% do efetivo, embora não arrisque um número absoluto. “Estamos otimistas. Acho que a ocupação durante a Copa será de 90% a 95%”, diz.
Uma sondagem realizada pela Associação Brasileira da Indústria de Hotéis da Bahia (ABIH/BA) apontou que, na segunda quinzena de março, 57,3% de reservas já estavam confirmadas para o período da Copa, sendo os maiores percentuais correspondentes às datas dos jogos em Salvador.
Por outro lado, quando perguntada sobre a expectativa de ocupação para esse período, a maioria dos 31 gerentes e sócios ouvidos se revelou otimista: a média de ocupação esperada é de 85,7%.
Segundo Sílvio Pessoa, a maior parte das vagas geradas na hotelaria será para os funcionários que trabalham diretamente com o público, como recepcionistas, camareiras e garçons. Ele destaca, porém, que para a maior parte dessas vagas será necessário ter experiência anterior, uma vez que não dá para arriscar num momento como esse. “Queremos visitantes que tenham uma boa impressão, e que retornem depois”, justifica. Veja a média salarial dessas três categorias na página ao lado.
Por falar em salário, a média da Bahia, de R$ 1.167, será a quarta maior entre os 12 estados pesquisados. Apesar disso, está abaixo da média nacional, que é de R$ 1.188. De acordo com o economista Fábio Bentes, no entanto, não há nada de alarmante no dado. “É que o Rio de Janeiro e São Paulo puxam muito a média para cima, mas a média da Bahia é bem próxima da nacional”, minimiza.
O conselheiro da Associação Brasileira das Agências de Viagens da Bahia (Abav-BA) Pedro Costa também não vê disparidades na comparação. “O padrão econômico do Sul e do Sudeste sempre foi diferente”, justifica. Como exemplo, ele cita o salário de um guia de turismo, que aqui é de R$ 8 mil, mas em São Paulo chega a R$ 12 mil. Além dos guias, que, obrigatoriamente, precisam falar inglês, ele estima que sejam contratados atendentes, recepcionistas e promotores para as agências de receptivo.
O inglês, segundo Bentes, mesmo quando não é obrigatório, colabora para aumentar a remuneração.
Efetivação de temporários será possível, mas em percentual pequeno
O boom da geração de empregos será nas semanas que antecedem a Copa, mas isso não quer dizer que, terminado o mundial, estarão todos no olho da rua novamente. As chances de contratação efetivas existem, embora sejam pequenas, segundo o economista Fábio Bentes, da CNC. “Com o fim do Verão, já tivemos uma efetivação de cerca de 20% dos temporários, então, com o fim da Copa, vão existir poucas vagas disponíveis para a contratação efetiva”, justifica. O vice-presidente do SHRBS, Sílvio Pessoa, pensa diferente.
“Ainda temos uma apagão de mão de obra no setor, tanto na Bahia quanto no Brasil. Então, acredito que entre 20% e 30% desses temporários devem ser contratados”. Segundo ele, por conta do torneio, os eventos que aconteceriam no estado até junho acabaram sendo adiados para os meses seguintes, até novembro. “Depois disso vem o Verão, e é alta estação de novo”, prevê.
E para quem quer ter uma chance de ficar no emprego, o consultor sênior da Máxima RH, Miguel Argolo, dá as dicas. “É preciso demonstrar capacidade, boa vontade e iniciativa. Entender a função e não esperar receber ordem para executar uma tarefa”, aconselha. Segundo ele, já na seleção, dá para saber quem tem potencial para se tornar efetivo. “É aquela pessoa que se apresenta para participar de atividades voluntárias, que interage e tem opinião sobre tudo”, avalia.
Fonte: Priscila Chammas/Correio