Contradições num país futurista

“Em um país bem governado a pobreza é motivo de vergonha. Porém em um país mal governado, o motivo de vergonha é a riqueza”, Confúcio (551 a.C – 479 a.C )

No Brasil deste 2016 assiste-se, ao mesmo tempo, situações de grandezas tão impares quanto reveladoras de contradições que vão do mais puro ufanismo à crítica mais acirrada, um verdadeiro paradoxo com reflexos negativos para os milhões de patrícios alijados da educação, saúde, trabalho e condições outras pra um viver com dignidade.

Propagandeavam os feitos, até então, da economia (mesmo esta inflacionada e recessiva) em função de históricas e bilionárias exportações em commodities, com destaque para produtos minerais como o ferro, as carnes bovina, suína e de aves, e de culturas agrícolas como soja, trigo, café e algodão. Isto é inegável e revela a pujança do agrobusines nacional. Mas era uma cortina de fumaça e não basta!

É relevante assinalar, e sem dúvidas, vive-se hoje em clima de liberdade o que é uma grandeza a considerar-se, mas é bom lembrar as palavras sábias de Nelson Mandela “Democracia com fome, sem educação e saúde para a maioria, é uma concha vazia” e aí, certamente, a ninguém comprometido com um mínimo de moralidade é permitido refutar esta afirmativa, por seu inegável sentido de harmonia e igualdade social, e que requer solução de curto prazo das autoridades.

A Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar (PNAD), 2013, apresenta o Brasil com 13,800 milhões de famílias inscritas no Programa Bolsa Família (PBF), das quais 1,800 milhão na Bahia; 1,452 milhão em São Paulo e, em Minas Gerais, cerca de 1,124 milhão, apenas para citar os números mais expressivos desses importantes estados. Nas capitais, São Paulo inscreveu 459.976 famílias, Rio de Janeiro 247.992 famílias e Salvador um total de 202.915 famílias.

Anteriormente, o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2010, revelava na Bahia que, dos 4.093.619 domicílios considerados próprios e permanentes, 215.205 deles eram constituídos por famílias sem quaisquer tipos de rendimentos mensais. Em Salvador, a PNAD de 2013 revelou que dos 858.496 domicílios próprios permanentes pesquisados 48.949 não tinham rendimento formal declarado. E – acredite por verdadeiro -, dentre os critérios existentes para adesão ao PBF, a renda (cruz credo, isto é renda!!!) do inscrito não poderá ser superior a R$ 147,00 per capta ou seja milhares de baianos bem próximos à marginalidade econômica e social.

Para reflexões, países europeus como a Suíça (7,2 milhões de habitantes); Áustria (8,04 milhões de habitantes); Suécia (8,8 milhões de habitantes); e Portugal (10,6 milhões de habitantes) – que não possuem a dimensão geográfica do Brasil e tão pouca suas potencialidades – gozam sem restrições, em sua maioria, de qualidade de vida inegável, como a representada pela educação e saúde. Já no Brasil há 13.800.580 famílias inscritas no PBF, maior contingente que a população total de qualquer um dos países símbolos mencionados, e que são, até prova em contrario, verdadeiros sobreviventes de esmolas oficiais.

No entanto, aqui, acrescente-se, como “ópio do povo”, alardeiam-se o Carnaval (“Maior Espetáculo da Terra”, em espaço livre) e Futebol (“Circo ou Arena” grandiosos) a engabelar seus 204.000.000 de habitantes…! Será mesmo possível, e de bom senso, afirmar-se que com tanta contradição o Brasil é mesmo o país do futuro ou, chega de ufanismo, cair na realidade, trabalhar pesado, superar a miséria de tantos e promover pelo menos a educação do povo?!

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