Conquista: Pai e filho passam juntos em Direito no Enem e vão estudar na mesma sala

Economista e filho de 18 anos passaram em universidade estadual da BA.

Filha de 17 anos também começará curso; ‘Sensação muito boa’, diz pai.

“Não esperava esse resultado. Recebi a notícia com muita alegria, principalmente porque passei junto”. Assim, o economista Geovane Viana, de 42 anos, morador de Vitória da Conquista, descreve a sensação de ter sido aprovado junto com o filho de 18 anos para o curso de Direito, na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), com as notas que obtiveram no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Geovane e o filho, Daniel de Santana Viana, foram selecionados para o primeiro semestre através do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que disponibiliza vagas em instituições públicas de ensino superior de todo o país, e começam a estudar juntos em maio.

A alegria da família foi ainda maior porque a filha do economista, Débora Maria de Santana Viana, 17 anos, também conseguiu ser aprovada na Uesb para o curso de Administração, após bom desempenho no vestibular da instituição. O pai comemorou as aprovações em post em uma rede social.

Geovane afirma que ficou surpreso com o resultado porque fez a prova somente para testar os conhecimentos e incentivar os filhos. O economista conseguiu tirar 940 na redação, enquanto o filho Daniel, que fez o Enem pela segunda vez, ficou com 960.

“Já sou graduado em economia há dez anos pela Uesb. Mas depois que concluí a faculdade não estudei mais esses assuntos que caem no Enem. Fiquei focado apenas na pós-graduação. Nós também não fizemos grupo de estudo em casa. Resolvi fazer [o exame] agora apenas para testar os conhecimentos e também porque eles iriam fazer. E, quando passamos, foi uma alegria muito grande”, destacou o pai.

O pai conta que o filho Daniel estudou no colégio da Polícia Militar e que ainda foi selecionado pelo Instituto Federal da Bahia (Ifba) para o curso de Eletromecânica. O rapaz também atua como jovem aprendiz em uma empresa da cidade. Já a filha Débora, que trabalha como monitora de sala em uma escola da cidade, estudou o ensino fundamental e o ensino médio em escolas privadas.

“Os dois têm muita facilidade tanto na área de exatas quanto em humanas. A Débora não conseguiu passar com a nota do Enem, mas foi aprovada no vestibular. Já ele, além do curso de Direito, também foi selecionado para o curso e engenharia elétrica, na mesma instituição, mas optou pela primeira opção. A mãe também é advogada e isso deve ter influenciado na decisão. Ano passado ele também passou, mas não pode cursar porque ainda não tinha concluído o ensino médio”, destacou.

Geovane, que tem outros três filhos, disse que iniciou a primeira graduação aos 28 anos e afirma que, no passado, era mais difícil ter acesso ao ensino superior.

“Na época não tinha as mesmas facilidades que se tem hoje. Aqui, na região, por exemplo, só tinha a Uesb, e era muito concorrido. Tentei duas vezes para o curso de administração, mas não passei. Somente depois é que consegui ingressar no curso de economia. Agora, com o Enem, o acesso ficou mais democrático. O exame serve tanto para testar os conhecimentos quanto para abrir portas”, comenta.

O pai diz que não terá dificuldades para conciliar os estudos com o trabalho e não esconde a ansiedade de voltar à graduação, agora junto com os filhos.

“É uma sensação muito boa ver esse resultado, porque fizemos todo um investimento na vida deles. Priorizamos a educação e conseguimos alcançar os objetivos. A matrícula vai ser no final de fevereiro e as aulas só começam em maio. O semestre está atrasado por causa da greve das universidades estaduais no ano passado. Agora, só estamos esperando o início das aulas. Como todos nós trabalhamos durante o dia e as aulas serão à noite, não haverá problema para conciliar”.

 

Alan Tiago Alves/G1

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