O delegado Neuberto Costa, revelou que o sangue encontrado no local do crime pertencia à criança que, até hoje, ninguém sabe se está viva ou morta; Maicon pode ter sido ferido por PMs na confusão
A investigação sobre o desaparecimento do menino Maicon Batista Braga completou cinco meses neste último sábado, 4, sem que a delegacia de homicídios de Vitória da Conquista conseguisse realizar um inquérito sobre o caso. De acordo com o delegado Neuberto Costa, responsável pela investigação, os policiais aguardam apenas o término do laudo pericial do Departamento de Polícia Técnica (DPT) para a formalização de um inquérito.
A criança está desaparecida desde o dia 4 de dezembro, após uma troca de tiros entre policiais militares e suspeitos de tráfico de drogas. Maicon estava brincando no bairro onde morava quando foi surpreendido pela situação e, até hoje, ninguem sabe se ele está vivo ou morto.
“Chegando em nossas mãos, o procedimento será concluído”, declara o delegado, “Mas sem o laudo não tem como terminar o inquérito”. Ele também disse que o DPT chegou a manter contato com a delegacia há 15 dias, afirmando que estava concluindo o laudo pericial. “Deste mês não passa”, garante o delegado.
Procurada pela reportagem do Correio24horas, a assessoria do DPT definiu o atraso como “natural”. Segundo o órgão, um inquérito tem previsão para ficar pronto em até 30 dias, mas em virtude da complexidade do caso, este pode ser estendido. O documento, que deveria ter sido entregue à delegacia no dia 22 de março, já coleciona 46 dias de atraso. O DPT averigua agora se o laudo já está pronto e se, por algum problema de comunicação, não foi repassado e nem solicitado pela delegacia.
Exame de sangue
Questionado pela reportagem, o delegado Neuberto Costa revelou o resultado do exame de DNA realizado pelo DPT em uma mancha de sangue encontrada no local do crime. Segundo ele, a análise, entregue em fevereiro, revela que o sangue pertencia mesmo ao menino Maicon – o que comprova que ele foi ferido durante o tiroteio. Ainda não se pode precisar, contudo, se o ferimento foi causado por Policiais Militares.
Na época em que recebeu o resultado do exame, o delegado chegou a optar por não divulgar a informação até que o inquérito estivesse concluído. “Estamos aguardando a conclusão do laudo pericial para evitar qualquer tipo de pré-julgamento”, afirmou Neuberto Costa em fevereiro – um dia após a realização da reconstituição que contou com a presença de todos so PMs envolvidos no caso e de familiares de Maicon.
Entenda o caso
Na tarde do dia 4 de dezembro de 2012, enquanto brincava com amigos em um matagal do condomínio Vila Bonita, onde morava, Maicon Batista Braga foi surpreendido por um grupo de adolescentes apontados como suspeitos de envolvimento com tráfico de drogas. Minutos depois, policiais militares também chegaram ao local e trocaram tiros com os jovens. No meio da confusão, Maicon se perdeu dos amigos e desapareceu.
Cansados de esperar por uma resposta da Polícia Civil, os familiares da criança chegaram a protestar bloqueando a BR-116 no dia 4 de janeiro, quando o desaparecimento de Maicon completou um mês. Apesar do protesto, eles também foram obrigados a passar o aniversário de 10 anos do menino, no dia 27 de dezembro, sem uma resposta para o caso.
Fonte: Renato Oselame/Correio