Conquista: Assassinada junto a pastora foi à BA para ‘espairecer’ após morte da mãe

Vítima morava em São Paulo e descansava com família em sítio na Bahia. Marido da pastora foi único sobrevivente de atentado cujo pastor é suspeito.

O corpo da mulher morta a pedradas ao lado de uma pastora foi liberado nesta sexta-feira (22) do Instituto Médico Legal (IML) de Vitória da Conquista, região sudoeste. Ana Cristina Sampaio, 37 anos, morava no estado de São Paulo e estava na Bahia para descansar após enfrentar a morte da mãe, disse o cunhado dela, Mizael Moreira. Um pastor é considerado mandante do crime e está sendo procurado – dois executores foram presos.

“Ela morava Embu das Artes e há três meses a mãe dela faleceu em São Paulo. Ela decidiu ir para a Bahia para descansar e tentar espairecer um pouco por causa da perda. Eu e minha esposa também estávamos na Bahia desde o Natal e ficamos hospedados no mesmo sítio da pastora, mas vim embora na semana retrasada e ela ficou”, disse.

Ana Cristina e Marcilene Oliveira Sampaio foram achadas mortas na manhã de quarta (20) após sequestro da noite anterior. O marido da professora, que dava aulas na Universidade do Estado da Bahia (Uneb), se salvou após forçar um acidente. Segundo a polícia, o pastor teria planejado as mortes após o casal alvo do atentado se mudar de igreja e levar a maioria dos fiéis.

Marcilene Oliveira Sampaio foi enterrada na quinta (21), na cidade de Conquista. Já o velório e o enterro de Ana Cristina serão realizados em Embu das Artes (SP), onde a vítima morava, na manhã de domingo (24), no Cemitério dos Jesuítas. Ela deixa dois filhos de 7 e 12 anos.

Casal foi alvo de atentado e mulher foi morta (Foto: Reprodução/TV Sudoeste)O cunhado de Ana Cristina, Mizael Moreira, diz que a família encontrou dificuldades para a liberação do corpo na Bahia porque a vítima perdeu todos os documentos. “Foi complicado para a gente poder liberar. Eles pediram para mandar xerox de um documento que está aqui [em São Paulo], porque os dela se perderam. Enviamos e depois de muita luta conseguimos, graças a Deus. Foi uma grande burocracia”, disse, em contato com o G1.

Mizael contou que a família vai arcar com todos os custos do traslado do corpo, em torno de R$ 5 mil. “O transporte será feito todo de carro. A previsão é de que o corpo chegue em São Paulo na noite deste sábado. O velório vai ocorrer durante toda a noite e o enterro deve acontecer por volta de 11h de domingo.

O cunhado ainda afirma que Ana Cristina era tranquila e trabalhadora. “Excelente pessoa, trabalhadora e mãe de dois filhos. Há pouco tempo saiu do serviço e estava recebendo seguro, mas planejava abrir uma loja ao lado da minha esposa. Era cheia de vida. Esperamos que os responsáveis sejam punidos”, destacou.

Crime

A professora, o marido e Ana Cristina tinham acabado de sair da igreja, na noite de terça-feira (19), e estavam a caminho do sítio onde moram quando o carro em que estavam apresentou um defeito na estrada que liga ao município de Barra do Choça.

Carlos Eduardo disse à polícia que desceu do veículo e abriu o capô para verificar o que tinha acontecido quando foi abordado por três homens que chegaram em outro carro. Entre os suspeitos estava o pastor de prenome Edmar, apontado como mandante do crime.

De acordo com a polícia, os homicídios teriam sido motivado por vingança após a postora e o marido dela, que eram colegas do pastor suspeito, terem saído da igreja dele depois de um desentendimento para fundar uma nova e levado a maioria dos fiéis.

O marido da professora morta, Carlos Eduardo de Souza, que, assim como a companheira, também é pastor, era outro alvo dos criminosos, mas conseguiu escapar após ser espancado. Segundo a polícia, a intenção dos criminosos era matar toda a família no sítio em que as vítimas residiam. A suspeita é de que Marcilene e os parentes já estavam sendo seguidos desde o momento em que deixaram a igreja.

Uneb lamenta

Marcilene Oliveira Sampaio também era professora do curso de Letras da Universidade Estadual da Bahia (Uneb). Segundo a instituição de ensino, ela também já atuou como diretora do Departamento de Ciências Humanas e Tecnológicas (DCHT) do Campus XX da Universidade, em Brumado.

Marcilene era mestre em Linguística pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e iniciou a carreira na Uneb em 2004. A Reitoria da UNEB informou que presta solidariedade a familiares e amigos de Marcilene. Disse ainda que espera que a apuração das circunstâncias da morte seja realizada e concluída com celeridade.

G1 BA

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