“Quem de vocês quer amar a vida e deseja ver dias felizes? Guarde a sua língua do mal e os seus lábios da falsidade. Afaste-se do mal e faça o bem; busque a paz com perseverança.” (Salmos 34.12-14)
Para alguns pastores da TV, a resposta à pergunta deste verso seria: “Venha para a igreja tal” ou “Seja um contribuinte do meu ministério para transformar o mundo”.
Mas a resposta do salmista aponta para uma mudança de vida, uma mudança interior. Chama-nos ao afastamento da mentira, da falsidade, para o abandono do mal. Convida à prática do bem e à busca constante pela paz. É interessante notar que em quase todo o salmo ele exalta a proteção de Deus e a felicidade de quem nele se refugia. Mas não basta ter fé em Deus, essa fé precisa interferir conosco.
Em matéria de vida e fé, é mais fácil saber o que é certo do que fazer o que é certo. Paulo, em Romanos 7, fala dessa luta. Ele sabia o que devia fazer, mas se via fazendo o que devia evitar. Quem se recusaria a assumir uma confissão assim? Apenas quem não escolhe ser sincero. Quem nutre um tipo de fé que o torna cego (ou hipócrita) quanto às próprias misérias. A fé cristã é a fé que nos coloca diante do dilema do bem que sabemos e do mal que nos afeta. E nessas condições, sem sinceridade nos perdemos de nós, do outro e de Deus.
Precisamos ser sinceros e admitir nossa fragilidade. Um cristão deve estar tão pronto a afirmar as verdades em que crê quanto a assumir a fraqueza que o abate. É de dentro desse dilema, dessa contradição, que somos lúcidos quanto ao amor de Deus e o valor do nosso próximo. Pois não é a presunção o segredo dos bons exemplos cristãos, mas a confiança em Deus e a desconfiança em si mesmo. Devemos fazer o melhor e jamais nos esquecer que, sem a Graça de Cristo, faremos o pior!