Doze jurados, na frente o réu, uma condenação ou absolvição, e esta decisão é como uma bola de tênis: o advogado de defesa rebate as acusações do promotor, que bate de volta com acusações, até que a bola caia nas mãos dos jurados. E o objetivo do julgamento é buscar a verdade, mas o problema supremo é que os jurados são sempre prisioneiros de seus instintos que vêm de um passado remoto, de comportamentos selecionados ao longo de inúmeras gerações. Então, esta capacidade de julgar, presumir e simular a mente alheia, cerne do seu voto, brilha, na verdade, de suas crenças, e tentar arrancar esta convicção é como tentar abrir um cofre com um palito.
Lembro o conto de Machado de Assis denominado “Suje-se Gordo”. Fui sempre contrário ao júri — disse-me aquele amigo — não pela instituição em si, que é liberal, mas porque me repugna condenar alguém, e por aquele preceito do Evangelho: “Não queirais julgar para que não sejais julgados”. E tem outro trecho: “Assim são as páginas da vida, como dizia meu filho quando fazia versos, e acrescentava que as páginas vão passando umas sobre outras, esquecidas, apenas lidas”.