Comunidades Indígenas Pataxó e Tupinambá ganham Espaço de Proteção Integral

Comunidades Indígenas Pataxó e Tupinambá ganham Espaço de Proteção Integral“Com essa iniciativa, nós jovens sentimos que temos mais oportunidades dentro das aldeias”, disse o índio Imbuí, de 18 anos, da aldeia indígena pataxó de Coroa Vermelha, ao analisar o que o projeto “Espaço Integral de Proteção”, lançado no último dia 3 de setembro, irá representar para as comunidades indígenas Pataxó e Tupinanbá.

O projeto tem o objetivo de garantir a famílias, crianças e adolescentes de seis aldeias indígenas da região Sul da Bahia, que vivem em situação de risco pessoal e social, apoio no enfrentamento a violação de seus direitos, ao abuso e exploração sexual, respeitando os aspectos culturais e as particularidades de cada aldeia. “Queremos investir no fortalecimento do tecido social”, explicou Iane Gouveia, da ONG Tribo Jovem, ressaltando a importância da participação de representantes das prefeituras municipais de Santa Cruz Cabrália, de Porto Seguro e de Belmonte no lançamento do projeto.

Fruto de uma parceria público privada, entre a Veracel Celulose, Governo do Estado, através da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Combate a Pobreza e da ONG Tribo Jovem, o Espaço de Proteção Integral será executado em 12 meses, atendendo cerca de 150 pessoas e famílias indígenas por mês, além de capacitar lideranças das próprias comunidades para o enfrentamento a violência e para a gestão de projetos sociais, entre outros benefícios.

Segundo o jovem Danilo, de 20 anos, da etnia Tupinambá, o projeto, além de representar mais oportunidades de participação para os jovens, fará com que eles despertem mais interesse pelas suas comunidades.

“Este projeto é muito importante para nós, porque nossa aldeia está muito próxima da cidade. Nós, mais velhos, temos muita preocupação com os jovens, principalmente com as meninas”, disse o vice-cacique Antonio Lopes Santana, da Aldeia Velha.

Para o conselheiro estadual dos povos indígenas, Jerry Matalãwe, o grande destaque do projeto é a união das comunidades indígenas na busca de soluções para essa “praga que a exploração de crianças e adolescentes”.

A Veracel se compromete com o investimento da ordem de R$ 240.000,00 que deverá ser alocado na capacitação das equipes e na contratação de profissionais. “É importante ver jovens engajados nisso. A experiência dos mais velhos com a força dos jovens mostra que as etnias estão muito vivas e a Veracel acredita na importância de se investir num projeto que vai reforçar a identidade dessas comunidades. E este é um projeto que acreditamos muito por ser fruto de uma parceria público privada”, avaliou Renato Carneiro, consultor socioambiental da Veracel.

A importância do projeto para a Veracel foi destacada ainda pelo seu diretor administrativo, Andreas Birmoser, ao afirmar que a iniciativa reforça ainda mais o diálogo e parceria já existente entre a empresa e as comunidades indígenas de sua área de atuação. “Espero que outras empresas possam ser atraídas para essa rede”, disse Birmoser.

“Basta nós sabermos nos organizar na busca de parceiros que conseguiremos melhorar a nossa qualidade de vida”, acrescentou o Cacique da aldeia de Coroa Vermelha, Aruã Pataxó, também atual presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas Pataxó e Tupinambá do Extremo Sul da Bahia.

O chefe do Núcleo de Apoio Logístico (NAL) de Porto Seguro, da Fundação Nacional do Índio (Funai), Beneildo de Jesus afirmou que são ações concretas como a do Espaço de Proteção Integral que as comunidades indígenas esperam de seus parceiros.

A secretaria estadual de Desenvolvimento Social e Combate a Pobreza, Arany Santana espera que o momento possa representar o surgimento de um novo momento de políticas públicas do Brasil. “A Veracel e o Governo do Estado estão cumprindo os seus papéis, o mérito deste projeto é da comunidade indígena”, concluiu a secretária.

As aldeias indígenas Pataxó de Coroa Vermelha, Aldeia Velha, Barra Velha, Boca da Mata e Mata Medonha; e a Tupinambá Patiburí, que fazem parte da rede de desenvolvimento do projeto, são comunidades tradicionais que buscam preservar e desenvolver sua cultura no meio de uma área urbanizada e turística.

O evento de lançamento do Espaço de Proteção Integral contou ainda com a presença dos caciques das aldeias pataxó de Boca da Mata, Barra Velha, Mata Medonha e da aldeia Tupinambá de Patiburi.

 

Eduarda Toralles / Fotos Cláudia Alves

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