A caprinocultura de leite é uma atividade tradicional da agricultura familiar no Semiárido baiano. Com o apoio do Governo do Estado, por meio da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), a atividade cresce cada vez mais na região, a partir da oferta de serviços de assistência técnica e extensão rural (ATER) qualificada, que leva novos conhecimentos para agricultores e agricultoras familiares.
Também foram aplicados recursos na aquisição de insumos e equipamentos apropriados. Só por meio do projeto da CAR, Bahia Produtiva, já foram investidos quase R$ 68 milhões na ovinocaprinocultura.
Um desses exemplos é o da Associação dos Produtores Rurais do Quilombo Remanescente Lage do Antônio, do município de Monte Santo. No local, 45 famílias foram beneficiadas com apriscos, novos equipamentos e 225 cabras de leite, que trazem perspectivas positivas para a comunidade com a possibilidade de geração de renda por meio da comercialização do leite.
“Antes, a gente só trabalhava com animais de corte e agora com esse projeto de cabra de leite, a expectativa é melhorar a renda das famílias. Com a assistência técnica, a gente já aprendeu sobre como manejar a cabra de leite e como aproveitar uma diversidade de plantas da Caatinga para usar na ração concentrada. Agora, é iniciar com uma boa produção e tocar o projeto para frente”, comemora o agricultor Adenilson Peixinho.
Cada família agricultora recebeu da CAR um kit completo de manejo com itens como cocho, baldes, iodo, mangueira e papel toalha, um aprisco rústico, cinco matrizes cada e nove máquinas forrageiras entregues, para uso coletivo. Tudo isso para fortalecer a caprinocultura de leite durante todo o ano.
“Se cada matriz der um litro de leite por dia, já são 225 litros de leite que vamos colocar no tanque de resfriamento para entregar. Isso já significa que vai entrar dinheiro para o povoado e vai gerar renda até para quem não tem cabra porque o dinheiro vai circular em toda a comunidade”, enfatizou o agricultor Damião Araújo.
Toda essa dinâmica em volta do leite de cabra tem como um dos pontos de atenção a importância da reserva alimentar para a época de seca, como lembra a agricultora Marlene da Silva.
“Com o acompanhamento técnico, nós reduzimos o custo da ração porque passamos a plantar em nosso próprio quintal e a utilizar as plantas da Caatinga na ração. Foi muito bom também porque aprendi a manejar a terra, a preparar adubo orgânico e a fazer o reaproveitamento da água”.
No total, a comunidade quilombola recebeu quase R$ 650 mil reais em investimentos por meio do projeto da CAR, Bahia Produtiva, que oferta às famílias do quilombo, por meio da Associação Regional dos Grupos Solidários de Geração de Renda (Aresol), o serviço de assistência técnica e extensão rural (ATER).
Comercialização
Todos os esforços empreendidos pela comunidade de Lage do Antônio na caprinocultura de leite já têm um destino certo: o laticínio, em construção no município de Monte Santo, também com o apoio do Governo do Estado.
A previsão é que a unidade de beneficiamento de leite, que está sob a gestão da Cooperativa Regional de Agricultores Familiares e Extrativistas da Economia Popular e Solidária (Coopersabor), comece a operar no segundo semestre de 2023 com a produção de queijos, iogurtes e manteiga, inclusive com a possibilidade de utilização do leite de vaca.
A obra do laticínio tem investimento da ordem de R$ 2,6 milhões. O equipamento vai atender mais de 15 comunidades que atuam na caprinocultura de leite.
“Esse laticínio será importante porque essa é uma região propícia em relação à criação de animais com aptidão leiteira e a expectativa é que a agroindústria, que tem capacidade de três mil litros por dia, possa escoar essa grande produção que temos aqui. O laticínio vai gerar renda para uma média de 400 famílias envolvidas, não só de Monte Santo, mas de outros municípios como Cansanção”, explicou o presidente da Coopersabor, Charles Conceição.
A presidente da Associação de Lage do Antônio, Mariza Araújo, celebra o novo momento da região. “O meu sonho é ver o carro chegar lá na comunidade para buscar o leite no tanque [de resfriamento]. Essa é a primeira indústria dessa forma em Monte Santo e estamos felizes com esse sonho que será realizado!”.