“Assim como cada um de nós tem um corpo com muitos membros e esses membros não exercem todos a mesma função, assim também em Cristo nós, que somos muitos, formamos um corpo, e cada membro está ligado a todos os outros. Temos diferentes dons, de acordo com a graça que nos foi dada. Se alguém tem o dom de profetizar, use-o na proporção da sua fé. Se o seu dom é servir, sirva; se é ensinar, ensine; se é dar ânimo, que assim faça; se é contribuir, que contribua generosamente; se é exercer liderança, que a exerça com zelo; se é mostrar misericórdia, que o faça com alegria.” (Romanos 12.4-8)
Devemos ter um pensamento equilibrado sobre nós mesmos. Sem presunção ou autocomiseração, mas na medida da fé que temos em Deus, como vimos ontem. E se assim fizermos reconheceremos o lugar do outro em nossa vida. Entenderemos que, pela fé em Cristo, somos unidos uns aos outros, formando um só corpo: o Corpo de Cristo. E isso não é uma opção nossa, é um fato de nossa fé. O Corpo de Cristo é uma metáfora usada por Paulo para ensinar sobre a presença da igreja no mundo, que deve personificar a presença e atuação do próprio Cristo. De modo que cristão é um membro desse corpo. Partilhamos a mesma vida, os mesmos desafios, o mesmo chamado: o chamado para servir. Uma pena que vivamos tão mal essa metáfora! Uma pena que haja tanta divisão entre nós! E em boa parte esse é um problema causado pela visão desequilibrada que temos sobre nós mesmos. Pela fala de humildade, sabedoria e submissão.
Somos diferentes e é importante que sejamos. A fé cristã não nos uniformiza não nos achata sob a pressão de um gabarito modelo. Deus não nos trata como números, como recursos humanos. Ele nos ama como filhos. Somos peculiares e diversos. Ele quis que assim fosse e isso é ótimo! Diversidade não significa divisão ou inferioridade. Em nossa diversidade devemos nos submeter a Cristo e servir uns aos outros. Temos dons diferentes, gostamos de fazer coisas diferentes e é assim mesmo que deve ser. E cada um deve fazer com excelência e dedicação tudo que fizer. Também devemos valorizar o que os outros fazem e gostam de fazer. Cada um de nós tem uma função e todos somos valiosos. Devemos nos dedicar a agradar a Cristo, o Senhor, e não a nós mesmos. Devemos compreender a importância de sermos parte desse corpo e, como corpo, devemos ser guiados pela vontade de Deus e não por nossa própria. E isso é um grande privilégio!
Muitas vezes não sabemos ser parte de algo maior que nós mesmos. Não percebemos o mistério que envolve a manifestação do Reino de Deus. Seguimos mais a nossa própria razão e pouco nos guiamos pela fé. Agindo assim seremos espiritualmente imaturos e seremos enganados por uma falsa ideia de maturidade. Se não aprendermos a ser parte do corpo de Cristo não experimentaremos maturidade espiritual. Pois é na vida em comunidade, pelo exercício dos dons de todos nós, que cada um de nós pode amadurecer, e não de outra forma (Ef 4.11-16). A incapacidade de ser parte é prova de imaturidade. Fazemos falta ao corpo e o corpo faz falta a nós. Não fomos chamados para viver como cavaleiros solitários, mas para sermos membros que, unidos, forma um só corpo. Isso exige que abandonemos a presunção e a autossuficiência que sutilmente podem nos dominar. A fé cristã nos chama a uma vida comunitária. Ela não é a mais fácil, mas é inegociável. É indispensável.