Comitê Científico do Consórcio Nordeste sugere lockdown em Teixeira de Freitas e mais três cidades baianas

Grupo também aponta riscos de ‘efeito bumerangue’ com interiorização da doença, quando pacientes podem ser transferidos para capitais que já controlaram o crescimento de casos

Comitê Científico do Consórcio Nordeste sugere lockdown em Teixeira de Freitas e mais três cidades baianas
Teixeira de Freitas. Foto ilustrativa/ Wesley Morau

O Comitê Científico do Consórcio Nordeste sugeriu, em boletim, que as prefeituras de Salvador, Feira de Santana, Itabuna e Teixeira de Freitas adotem o lockdown, com suspensão de atividades econômicas e restrição de circulação da população por locais públicos, para conter a propagação da covid-19.

  • Leia a íntegra do documento, clicando aqui.

O boletim aponta também a interiorização da doença, com crescimento de casos longe da capital baiana.

Hoje, o número de registros da covid-19 em Salvador representa 46% do total do estado, contra quase 54% das cidades do interior. Há poucos dias, o quadro estava invertido.

Um enorme crescimento de casos por todo o estado, representado pelas cidades de Feira de Santana (1.929 casos novos, ou 191% de crescimento em 14 dias), Teixeira de Freitas (128% de crescimento, região sul), Vitória da Conquista (78%, região sul), Barreiras (104%, extremo oeste) e Juazeiro (229%, região norte) indica que a pandemia claramente se enraizou em toda a Bahia”, aponta o estudo.

Das três cidades citadas pelo estudo, Feira de Santana possui a maior incidência da doença, com 3.578 casos confirmados.

Em Itabuna são 2.754 contaminados. Já Teixeira de Freitas registra acumula 1.395 infectados [segundo a Sesab]. O número da Secretaria Municipal chega a 1.463.

  • Em novo decreto, Teixeira de Freitas prorrogou medidas de prevenção e enfrentamento. Leia mais aqui.

No município de Itabuna, o comércio seria reaberto nesta semana, mas a flexibilização foi adiada para o próximo dia 9.

O prefeito do município se envolveu em polêmica nos últimos dias ao afirmar que promoveria a reabertura das atividades comerciais “morra quem morrer”. A declaração foi criticada por Sérgio Rezende durante a coletiva.

Não há muito o que fazer em reação ao que o prefeito disse. Infelizmente nessa questão da pandemia, temos certos posicionamentos que me lembram posicionamentos religiosos. Não é privilégio do Brasil. Em outros países, desde o começo da pandemia, os governantes não acreditaram que o vírus pudesse trazer tantas mortes. Não tiveram o posicionamento em favor do confinamento, do uso de máscaras, de não minimizar o poder da doença. O que podemos fazer é divulgar que o prefeito está errado. Estamos convencidos disso e será provado naturalmente. O número de casos em Itabuna trará prejuízos maiores que a reabertura do comércio“, pontuou.

Durante a coletiva, os cientistas avaliaram a evolução da doença nas cidades do interior do estado e as medidas que podem ser adotadas. Entre as possíveis formas de combater a doença está a promoção de barreiras sanitárias nas principais rodovias que cortam o estado.

As indicações de lockdown em Feira de Santana, Itabuna e Teixeira de Freitas são feitas pela sobrecarga no sistema de saúde e pelo crescente de casos. A gente notou um fluxo grande por causa dos eixos rodoviários. Um aumento muito grande, Feira é um caso típico disso. Existe a necessidade de barrar essa transmissão do vírus. O isolamento social caiu muito, e a sobrecarga no sistema de saúde aumentou nessas cidades”, informou Nicolelis durante a coletiva.

O Comitê Científico sugere a montagem de barreiras sanitárias nos dois sentidos da BR-324, entre Salvador e Feira de Santana, e também na BR-101, que faz a ligação entre o litoral norte e a região sul do estado.

Outra recomendação é pelo rodízio de veículos de passeio, com impedimento de que automóveis trafeguem pela região em determinados horários ou dias da semana.

A barragem desse fenômeno se dá pelo controle do fluxo das capitais para o interior. Vários estados como Bahia, Paraíba, Piauí, Maranhão, criaram barreiras. Ocorre que elas foram feitas para testar, diminuir o fluxo, em automóveis e nos caminhões. Mas não fizemos no Brasil o que foi feito na China, na Alemanha, em certos lugares da Inglaterra, que foi criar rodízio de carros particulares. Isso é feito há muitos anos em São Paulo. A proibição do fluxo por algumas horas, ou por um dia da semana em regiões de alto risco. Isso foi feito com grande sucesso na China. O fluxo foi proibido em Wuhan“.

Segundo o boletim, a interiorização da covid-19 tem potencial para provocar um “efeito bumerangue”, que seria o movimento de pacientes do interior que foram diagnosticados com a doença para buscar atendimento em Salvador, o que acarretaria na manutenção de uma taxa de ocupação de leitos elevada.

O efeito bumerangue é o que nos preocupa. Basicamente ao fato de que os casos do interior começam a voltar pra a capital. Diante disso, temos um grande número de casos internados da UTI que vieram do interior. A gente basicamente tem a preocupação que a onda de casos do interior tenha um efeito importante nas capitais“, explicou Nicolelis.

A Bahia possui, de acordo com dados da Sesab, 79.349 casos confirmados de coronavírus, com 1.947 mortes em decorrência da doença.

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Fonte: G1 Bahia

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