Era sábado, 06 de dezembro de 2008, quando um meu pai caiu em casa, batendo o cérebro na quina da cama, teve um traumatismo cranioencefálico, nunca mais acordou, nos nove anos seguintes, morrendo em 01 de maio de 2018.
O coma é um estado de sono profundo do qual a pessoa não pode ser despertada, mesmo com estímulos dolorosos, sonoros ou visuais. Ao bater, afetou a intricada rede de estrutura que consiste em cérebro e nervos, que controla e coordena todas as funções do corpo. A consciência de um cérebro vivo é similar a um ovo cozido e mole. Não é de espantar que a natureza tenha cercado o cérebro com um crânio ossudo para proteger seus tecidos delicados de ferimentos.
O coração humano tem uma odiosa tendência a só chamar de destino aquilo que o esmaga, mas o tempo carrega uma traição no bojo de cada minuto. Tudo que podemos fazer é andar ao lado de nosso Deus, nós somos um ser que caminha sobre tumbas e que saímos do milagre para o mistério. Os anos foram passando, como se caixas brancas de mesmo peso fossem ordenadas de forma simples, em linha reta. Nos deparávamos sempre com seu rosto vivo e nunca com seu rosto morto, que não conhecíamos nele ainda.