Aumentos consecutivos da cesta básica, conta de luz, combustíveis, entre outros, reduzem o consumo
Por Daniel do Valle / O Sollo
Sobreviver no Brasil está ficando difícil e viver bem está ainda mais caro. Com o crescimento do desemprego, aumentos consecutivos da cesta básica, conta de luz, combustíveis, mais impostos, os preços estão ficando “salgados”. A inflação aumenta, chega a 9%, e o consumo das famílias diminui. Comprar agora exige pesquisa e os gastos mais contabilidade. A “ressaca da economia” deixa uma conta cara, dividida entre todos, mesmo os que não se sentaram à mesa.
Segundo pesquisa da consultoria Plano CDE, realizada entre a classe média (C), as contas de luz e alimentação pesaram mais no bolso do consumidor nos últimos seis meses, apontados como vilões do orçamento por 61% e 58% dos entrevistados, respectivamente. E se sobra mês e falta salário, o jeito é readequar as contas eliminar, a princípio, as despesas consideradas supérfluas.
Nos últimos seis meses 59% das famílias cortaram gastos com refeições fora de casa; 49% cortaram o lazer; 38% cortaram serviços de beleza e 30% cortaram a compra de artigos para casa, como aponta a mesma pesquisa.
Desemprego
A taxa de desemprego subiu mais uma vez, chegando a uma média 6,7% em seis regiões do país, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em divulgação do último dia 25, referente ao mês de maio. É o índice mais alto já registrado para o mês desde 2010, quando alcançou 7,5%. No ano passado estava em 4,9%. Entre os jovens de 18 a 24 anos a taxa de desocupação é ainda maior, e atinge 16,4%. A região metropolitana que registra a maior taxa de desemprego é Salvador, com 11,3%, referente ao mesmo período.
Cesta Básica
Pelo segundo mês consecutivo, o valor da cesta básica aumentou em 17 das 18 cidades onde o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) realiza a pesquisa. As maiores elevações foram apuradas nas cidades do Nordeste: Salvador (10,69%), Fortaleza (8,89%) e Recife (7,73%). Em 12 meses, entre junho de 2014 e maio desse ano, a capital baiana acumulou alta no preço da cesta de (25,41%) e custa hoje R$ 348; ou 48,01% do salário mínimo líquido.
Os produtos com maior alta de preços foram tomate, pão francês, carne bovina, leite e óleo de soja, como informa o DIEESE. O Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Estado da Bahia (SINCAR-BA) mostra que de novembro do ano passado até o final de maio deste ano houve uma queda no consumo de carne bovina de 30% no estado.
Energia
A conta de luz deve fechar o ano em média 43,4% mais cara como aponta o relatório de Inflação divulgado trimestralmente pelo Banco Central. O preço dos combustíveis também subiu com o aumento de tributos do Governo Federal, na contramão da baixa do petróleo no mundo. A gasolina na Bahia está entre as cinco mais caras do País, conforme relatório da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e Porto Seguro tem o preço mais alto no estado, quase R$ 4 por litro.
Impostos
Entre o pacote de impostos que subiram esse ano – como a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), Programa de Integração Social (PIS), Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins), Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) – o último reajuste foi sobre os produtos importados.
De acordo com estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) no começo deste mês, há uma disparidade entre a qualidade dos serviços públicos em relação ao valor desembolsado pelos contribuintes. Hoje, a carga tributária consome cerca de 150 dias de trabalho dos brasileiros ao ano.
Aqui, o trabalhador serve ao governo até o mês de maio e só a partir de junho começa a trabalhar em benefício próprio. São cinco salários para pagar os impostos e apenas oito para o contribuinte, contando com o décimo terceiro. Sem colocar a mão na massa e sem derramar uma única gota de suor, alguém está levando vantagem nesse sistema, que faz farra com dinheiro público.