Como o filho mais novo

“O mais novo disse ao seu pai: Pai, quero a minha parte da herança. Assim, ele repartiu sua propriedade entre eles. Não muito tempo depois, o filho mais novo reuniu tudo o que tinha, e foi para uma região distante; e lá desperdiçou os seus bens vivendo irresponsavelmente. Depois de ter gasto tudo, houve uma grande fome em toda aquela região, e ele começou a passar necessidade.” (Lucas 15.12-14)

Na parábola dos dois filhos, o mais novo é o primeiro que aparece e se revela. Ele pede sua herança ao pai. Algo que, para o contexto em que Jesus contou a parábola, representava um completo desprezo do filho pelo pai. Algo como desejar que o pai morresse. Mas o pai não se dá por ofendido e atende o filho. Pouco tempo depois o filho parte para longe do pai. Talvez já tivesse essa intenção. Talvez fosse a evolução de seu distanciamento do pai. O que se segue é desperdício e por fim, fome. A vida sempre cobra o preço de nossas escolhas. Podemos fazer “na” vida o que quisermos, mas não temos o poder de fazer “da” vida o que quisermos. Ela também tem suas imposições.

O filho mais novo somos nós em nossa diferença com o Pai Celeste. Somo nós em nossa incapacidade de perceber que a vida que temos é uma dádiva, que o planeta em que vivemos é dele e que Ele nos ama como um pai. De posse do que julgamos nosso, fazemos de nossa vida o que bem entendemos e Deus suporta isso pacientemente. Podemos pensar que estamos vencendo, que é assim mesmo e que estamos desfrutando do nosso direito de fazer o que achamos melhor. Mas o resultado de uma existência em  desarmonia com Deus será desperdício e fome. Não se trata de perdemos os bens, mas de jamais encontrarmos satisfação verdadeira.

O sentido d  vida está em vivermos no amor de Deus e amarmos nosso semelhante como amamos a nós mesmos. E esse tipo de vida somente nos é possível com a presença de Deus. Quando recebemos o amor perfeito, somos saciados da fome de amor que nos desorienta e nos faz acreditar na ilusão dos bens materiais e do poder humano. Iludidos nos afastamos cada vez mais do único que nos pode dar o que realmente precisamos. O segredo da vida está em nossa proximidade com Deus, desde o princípio de cada dia. Jesus está nos ensinando que Deus é o pai amoroso que desprezamos, para que, arrependidos, fiquemos, em lugar de nos aventurar e perder o insubstituível, o que jamais encontraremos. Em nenhum outro lugar. Exceto na casa do Pai.

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