Em meados de novembro, passei pela entrada do Colégio Antônio Vieira onde estudei o ginasial e nos intervalos ia na Padaria Favorita em frente fazer um lanche com meu irmão.
Lembrei dos alunos que na época praticavam esportes e das bagunças do intervalo. Então pensei eles tinham catorze ou quinze anos, pensar que, catorze ou quinze anos atrás, eles nem tinham nascido e, se tivessem, não passavam de rosados pedaços de carne.
Agora, usavam baton, fumavam escondidos num canto da quadra, se masturbavam, pichavam os muros das casas com spray vermelho e, quem sabe, liam guerra e paz. De minha parte, há catorze ou quinze anos, eu já trabalhava fazendo perícias.
A memória é como a ficção ou a ficção é como a memória. Desde que comecei a escrever crônicas, percebo e sinto profundamente essa via de mão dupla. A memória é como um tipos de crônica, ou vice-versa. Esta lembrança passou como um flash instantâneo como meu carro pela padaria favorita em frente ao Antônio Vieira.
*João é natural de Salvador, onde reside. Engenheiro civil e de segurança do trabalho, é perito da Justiça do Trabalho e Federal. Neste espaço, nos apresenta o mundo sob sua ótica. Acompanhe semanalmente no site www.osollo.com.br.