Região cerebral ativada pelo sentimento é capaz de provocar reações no corpo que afetam nosso bem-estar
O ciúmes é algo comum quando se vive um relacionamento. Enquanto alguns experimentam esse sentimento em um nível saudável, que não gera qualquer prejuízo para si ou para a relação, outros podem senti-lo de formas mais intensas, sofrendo com os impactos emocionais e até físicos que ele gera.
Por que sentimos ciúmes?
A explicação para os muitos efeitos causados pelo ciúmes vem da neurociência e da reação que ele provoca em nosso cérebro. Amanda Fitas, psicóloga e especialista em relacionamentos, explica que o ciúme tem origem na sensação de insegurança, de inferioridade e do medo que a outra pessoa encontre alguém mais interessante.
“Existem vários fatores que fazem com que esse sentimento apareça, principalmente o que a pessoa pensa de si mesma. Na maioria das vezes, ela não se sente suficiente e pode enxergar o seu companheiro como uma ameaça, acha que ele não é fiel, gerando, assim, uma desconfiança dentro do relacionamento”, explica a especialista.
O ciúme, entretanto, é um sentimento normal em uma relação. “É como um cuidado no relacionamento. O ciúme normal é transitório e surge por um motivo real, por exemplo: medo de perder a pessoa amada”, afirma a psicóloga Marilene Kehdi.
O problema está quando o ciúme se torna algo patológico, que faz mal de verdade. É o caso do ciúme doentio. Nesse caso, ele desencadeia distúrbios emocionais, como a ansiedade e a depressão, e a pessoa tende a ter um comportamento autodestrutivo.
Ciúmes provoca dores
Outro aspecto curioso do ciúme é que ele tem a capacidade de provocar dor física em nós – geralmente uma dor no peito. “A neurociência diz que o ciúme ativa uma parte do cérebro com mais intensidade, que é o córtex cingulado anterior (CCA). Essa é uma área também correlacionada às dores físicas do corpo”, explica Amanda.
Por sinal, essa região cerebral é a mesma ativada quando estamos com inveja, outro sentimento que também provoca impactos concretos no corpo, segundo a revista científica . Por isso, é muito importante aprender a lidar com essas sensações, de forma a evitar consequências que comprometam nosso bem-estar.
Como controlar o ciúmes
Para controlar o ciúmes e não torná-lo um empecilho no relacionamento, as especialistas dão algumas dicas para quem deseja lidar melhor com o sentimento. “O primeiro ponto é compreender que, ao se sentir sob ameaça, nem todo medo é real. Tem muitas coisas em volta que podem despertar seu ciúmes, mas não é algo que de fato está acontecendo”, diz Amanda.
Não se trata de enxergar a pessoa ciumenta como alguém descontrolado, mas, sim, partir do pressuposto que o medo e a insegurança devem ser investigados e entender se o sentimento tem realmente sentido. “Antes de qualquer coisa, pergunte: ?isso que estou sentindo tem alguma base na realidade? É uma ameaça real? Ou é só uma sensação comigo mesmo? Quando chegamos à conclusão de que não tem a ver com o outro, o próximo passo é trabalhar essas questões de insegurança”, aconselha Amanda.
Entretanto, se algo no relacionamento for detectado, o melhor é demonstrar o que te faz mal na relação – mas nunca com ataques. “Quando o ciúmes é normal, um bom diálogo entre o casal consegue resgatar e manter a confiança e a harmonia”, aponta Marilene.
“Em uma relação, quando um dos lados sempre está desconfiando de tudo e o outro lado não está fazendo nada para desencadear isso, essa situação desgasta o relacionamento, diminuindo o valor da pessoa diante do(a) parceiro(a)”, acrescenta Amanda.
Quando a frequência e a intensidade desse ciúmes são incontroláveis, é fundamental buscar ajuda especializada para se tratar. Caso a situação não seja resolvida entre o casal, existe a possibilidade de investir na psicoterapia – tanto a individual, quanto a terapia de casal.
Fonte: Minha Vida