A qualidade diminui muito para aglomerados humanos acima de um milhão de habitantes, como Salvador, no trânsito, na violência, no recolhimento do lixo. A força e a beleza dependem da liberdade, mas toda manhã ela lhe impõe uma necessidade, e cada necessidade o arremessa para uma dependência: a sua vida é um constante solicitar, aturar, ficando escravo de preceitos, etiquetas, cerimônias, ritos. A sua tranquilidade sumida para sempre, nesta batalha pelo pão, ou pelo gozo. Alegria como a haverá na cidade para esses milhões de seres que tumultuam na ocupação de “desejar” e que nunca fartando o desejo, incessantemente padecem de desilusão, desesperança ou derrota. Os sentimentos mais genuinamente humanos logo na cidade se desumanizam. São como luzes que o áspero vento do viver social não deixa arder com serenidade e limpidez; e aqui abala e faz tremer. As amizades nunca passam de alianças que o interesse aparece sempre. Mas, o que a cidade mais deteriora no homem é a inteligência. Todos, intelectualmente, são carneiros trilhando o mesmo trilho, com o focinho pendido para a poeira onde pisam, em fila, nesta criação tão antinatural onde o solo é de asfalto e a poluição tapa o céu, e a gente vive aglomerados nos prédios. O homem aparece como uma criatura anti-humana, sem beleza, sem força, sem liberdade, sem sentimentos, e trazendo em si um espírito que é passivo como um escravo, esta é a bela cidade hoje.
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