Celular

Celular

O primeiro celular parecia um grande tijolo. Vemos e pensamos: será que as pessoas realmente levavam esse troço até seus ouvidos? Agora, quando olho para trás, só o que posso pensar é: Como alguém chegou a usar um troço desses? Mas, pensando bem, o celular fez uma revolução que pode ser comparada à revolução da escrita, pois tanto na escrita como no celular temos uma forma ativa de interação, diferente da televisão e do rádio, que era uma forma passiva. Com o celular nos podemos estar perto de quem está extremamente longe.

Tudo hoje fica registrado e eu não mencionei está incômoda percepção que tenho de que a presença do celular é um problema para a conexão e intimidade das pessoas. A forma artificial da tecnologia é a maneira de gozar a naturalidade do mundo, com selfs, olhar mais a telinha, do que o mundo em volta.

Então emergimos em um mundo em que tudo parece possível, no entanto, foi criado um abismo intransponível entre nós e as gerações anteriores. Mesmo os objetos mais familiares da década de 70 tem agora uma feição estranha, hostil. Era como se nunca os tivesse visto antes, o orelhão, o telefone discado, por exemplo.

Hoje com mais de sessenta anos, sinto que já vivi o suficiente para ter muitas recordações, talvez esteja trancados do lado de fora desta vida tão fluida, como já disse o filósofo polonês Zygmunt Bauman.

Juro que nunca pensei que fosse encontrar no mundo está velocidade recorde, onde as transformações ocorrem na velocidade da luz e se adequar a estas mudanças, é uma questão de sobrevivência.

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