“o autor faz um brilhante jogo psicológico com o leitor, estabelecendo com este um pacto”
Desgrandeza é o mais novo livro de ficção do professor e padre Celso Kallarrari.
Trata-se de seu segundo romance, publicado pela Editora Mondrongo, cuja história proibida de amor acontece no terrível cenário da história brasileira, na Ditadura Militar, anos de chumbo.
O livro fora premiado em 2017 — à época ainda não publicado —, na categoria romance, com o Prêmio José de Alencar pela União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro – UBE.
O escritor estreou na literatura em 2003, no gênero poesia, com A Porta Remendada, seguido por mais dois livros no gênero (As Últimas Horas, 2009, e As Últimas Palavras, 2013).
Na literatura Infantil, estreou, em 2017, com o livro A Menina que Comia Queijo, lançado por editora do Rio de Janeiro. Em 2013, estreou no gênero romance com O Ritual dos Chrysântemos.
Para a professora e doutora Lucia Facco, “No período da década de 60, quando o Regime Militar eclodia pelo país, Teófilo, um frei dominicano, é proibido de se relacionar, amorosamente, com Bárbara por conta da lei do celibato. Por ela, Teófilo se apaixona e vive uma história de amor permeada pela violência em vários níveis. […] O mais grave é que a violência era, naquela época, institucionalizada, aprovada e cometida em nome do bem da nação.”
Segundo Lucia, “o autor faz um brilhante jogo psicológico com o leitor, estabelecendo com este um pacto, uma cumplicidade, um estreito diálogo, quando busca revelar suas confissões, seus segredos. Esse jogo psicológico nos é apresentado através de uma escrita bem feita, minuciosamente cuidada, instigante e envolvente. A história não é narrada da convencional maneira linear. Apesar disso, apresenta uma escrita sofisticada, enxuta, o que permite identificar uma sequência, espacial e temporal, lógica no enredo (…), cuja montagem torna-se, exclusiva, do leitor que vai se surpreendendo a cada página virada, a cada nova descoberta.
O professor e doutor em Literatura Comparada, Valci Vieira dos Santos, nos diz que “Celso Kallarrari caminha por dois temas essenciais e insistentes por natureza no espaço literário. Eles continuam desejados e atuais e suscitam interesses e discussões: Regime Militar e celibato. Esses dois motes nunca foram tão atuais como nos nossos dias: o primeiro, responsável por reacender velhos desejos e tornar-se alvo de duras críticas, sobretudo em terras nacionais; o segundo, por sua vez, volta a ganhar força nas reivindicações de determinados segmentos da Igreja Católica.”
E finaliza, convidando-nos a leitura de um texto de expressão, cuja paixão e sensibilidade do autor com a escrita dão ao vernáculo o valor que ele merece.
Neste momento em que vivemos, onde algumas pessoas extremamente ignorantes, dizem ter “saudades da ditadura”, Desgrandeza traz uma narrativa plena de energia e, neste contexto, vem bem a calhar.