Celebridades

O que é exatamente felicidade exterior? Há um tipo de gente, os eleitos de Deus, como parece, cuja felicidade é o gênio e cujo gênio é a felicidade, pessoas iluminadas que atravessam a vida de maneira leve, elegante e encantadora, com o reflexo e o brilho do sol nos olhos, enquanto o mundo inteiro as admira, elogia, inveja e ama, porque a inveja também é incapaz de odiá-las. Mas, elas olham para o mundo como as crianças, desdenhosas, mimadas, temperamentais, petulantes, com uma simpatia solar, seguras de sua felicidade e de seu gênio e de que nada, poderia ser diferente.

No que me toca, não nego que todos queremos brilhar, e Caetano já dizia “gente nasce para brilhar”. Pois sejamos honestos: o que importa é o julgamento que fazemos de nós mesmos, o valor que nos concedemos. Talvez a verdade seja apenas que eu tenha aberto mão dessa “felicidade exterior” à medida que me retrai da “sociedade” e organizei minha vida sem as “pessoas”, não sou uma pessoa sociável, talvez tenha puxado a meu pai. Mas, em momento algum se pode ou se deve duvidar de minha satisfação, pois, repetindo, e com uma ênfase: quero e preciso ser feliz!

As noções de “felicidade” como um tipo de recompensa, e de “infelicidade” como algo feio, obscuro, desprezível calam muito fundo em mim e me impedem de me respeitar caso eu seja infeliz. Como poderia permitir-me ser infeliz? Que papel haveria de desempenhar para mim mesmo? Deveria ficar socado num canto escuro feito um morcego ou uma coruja e olhar com inveja para os “iluminados”, os encantadores felizes? Eu haveria de odiá-los?
Quando você tem uma companheira que te admira e você a ela, de uma hora para a outra todas as suas estrelas se alinham no céu. Todos os seus erros, todas as suas errâncias, todos os seus defeitos são redimidos pela simples graça da luz de uma troca de olhar de admiração após trinta e dois anos de casamento e cinco anos de namoro.