A caspa é um problema que traz incômodo em quem a tem. Mas, ao contrário do que muita gente acredita, nem todo tipo de descamação do couro cabeludo é caspa. Segundo o dermatologista Caio Lamunier, do Hospital das Clínicas de São Paulo, o problema que possui essa denominação é a dermatite seborreica, inflamação imunológica que possui períodos de melhora e de piora.
Entre os problemas que podem ser confundidos com a caspa “autêntica” estão a psoríase, o eczema e a micose no couro cabeludo. A psoríase é uma inflamação, ou seja, não se restringe ao couro cabeludo, afetando todo o corpo, incluindo coração, pulmão e outros órgãos. Não tem cura, apenas tratamento.
Já o eczema é uma irritação desencadeada pelo contato de produtos químicos com o couro cabeludo, e a micose é uma lesão por fungo. Nesses dois casos é possível fazer tratamento e curar o problema. Para o diagnóstico do problema, é preciso consultar um dermatologista.
A dermatite seborreica apresenta leve descamação, afetando todo o couro cabeludo, região atrás da orelha, sobrancelhas e laterais do nariz, podendo coçar. A oleosidade do couro cabeludo também favorece o aparecimento da descamação, pois o fungo chamado Malassezia, específico do couro cabeludo, se alimenta dessa oleosidade, e as toxinas liberadas por ele causam irritação na pele, sendo uma das causas conhecidas da dermatite seborreica. O tratamento inclui combate à inflamação, ao fungo e à oleosidade, podendo ser usado xampus e cremes específicos.
Já a psoríase é uma descamação mais espessa, podendo sangrar ao coçar, e aparece apenas no couro cabeludo, não afetando o rosto. Seus períodos de melhora e piora não são tão perceptíveis quanto o da dermatite. A inflamação ocorre por alterações na imunidade, acometendo os órgãos. O tratamento da psoríase é feito à base de cremes, podendo, eventualmente, necessitar de medicamentos orais e injeções.
A micose do couro cabeludo é um problema contagioso e apresenta lesões arredondadas em ponto específico no couro cabeludo, podendo levar à queda de cabelo. O tratamento é feito com antifúngicos.
O eczema possui características de irritação, deixando a pele mais vermelha, e não tem períodos de melhora ou piora. Quando a causa é tratada, ele desaparece. O dermatologista dá como exemplo o eczema como uma reação alérgica à tintura de cabelo, que pode ser tratado simplesmente trocando o produto.
Dormir de cabelo molhado ou prender o cabelo molhado não causa caspa, segundo o dermatologista. O que acontece é que isso aumenta a oleosidade do couro cabeludo levando a um ambiente mais propício à proliferação de fungos. E a dermatite seborreica piora com a oleosidade, quando a pele tem mais fungos ou inflamações. Pela mesma razão, tomar banho com água quente também agrava a dermatite.
Outros fatores que pioram a dermatite são usar lenço, boné e acessórios que cubram a cabeça, por aumentar a oleosidade. O estresse emocional também agrava o quadro, pois aumenta a liberação de oleosidade e abaixa a imunidade, aumentando a quantidade de fungos. Doenças e remédios neuropsicológicos também pioram a caspa, mas, segundo o dermatologista, a relação entre uso de remédios e dermatite ainda não está bem estabelecida.
O dermatologista explica que é possível prevenir crises de dermatite seborreica, mas não a doença. As recomendações são de tomar banhos com água morna, lavar o cabelo todo dia, evitar cobrir o couro cabeludo com acessórios, reduzir o estresse, fazer atividade física e manter uma boa alimentação.
Alteração meteorológicas também podem gerar crises de descamação. Lamunier afirma que nos extremos, como em climas frios ou muito quentes, a dermatite costuma piorar. O médico alerta sobre o risco de receitas caseiras, que não devem ser utilizadas. O uso de talcos para absorver a oleosidade também não é recomendado, pois, como se tratam de partículas pequenas, podem irritar ainda mais a pele.
Fonte: R7 Saúde