Carta aos dirigentes e militantes do PSOL

Carta aos dirigentes e militantes do PSOL
Luiz Bassuma
Desde o início de março, quando comecei as conversas sobre a minha filiação ao PSOL, venho dialogando por telefone com vários dirigentes nacionais e parlamentares do partido, Randolfe, Ivan Valente, Toninho, Luis Fevereiro, Heloisa Helena, Chico Alencar, Edilson, além de lideranças na Bahia.

Em carta encaminhada aos dirigentes do PSOL na Bahia, fiz um resumo de toda minha vida enfatizando as principais razões que me levam a desejar militar neste partido, que recupera o sonho e as esperanças da esquerda socialista, cujas raízes formataram o velho PT das décadas de 80 e 90.

Quero salientar novamente que as origens da minha militância política se deram no movimento sindical combativo e de esquerda, filiado à velha CUT. Durante os quatro anos que estive coordenando o Sindicato dos Petroleiros, foram realizadas varias greves, dentre elas a maior da história em 1994 com 30 dias de paralisação, que terminou com a invasão de refinarias pelo exército, intervenção do TST nos sindicatos e demissão de muitos militantes, sendo que os trabalhadores foram apoiados pelo sindicato. Apesar de toda a repressão das forças conservadoras, conseguimos fortalecer a organização dos trabalhadores, unificando os dois sindicatos petroleiros Bahia, (decisão dos petroleiros), quando fui reconduzido pela categoria à coordenação. Na minha gestão fiz questão que a oposição participasse do Conselho Fiscal, fazendo assim a fiscalização do mesmo.

Filiado ao PT desde 1995, exerci vários mandatos eletivos sempre seguindo as orientações partidárias. Tive atuação destacada como deputado estadual e federal no combate ao crime organizado nos combustíveis, criando uma CPI da Bahia que acabou em pizza pela maioria governista. No âmbito federal, apesar de também ter acabado em pizza, consegui formar uma forca tarefa da CPI com a Polícia Federal que estourou quatro pontos de adulteração.

Meus problemas com o PT começaram com a crise do mensalão em 2005, quando tento sair do partido. Mas como entendo que um deputado não é dono de seu mandato defendi minha saída junto a uma plenária com mais de 100 lideranças, que por 55% dos votos decidiram que eu ainda deveria continuar, mesmo fazendo críticas públicas ao PT e à direção do PT.

Emerge então a questão da legalização do aborto. Sempre tive posicionamento claro sobre esse assunto desde a minha entrada em 95. Quem mudou foi o PT, em 2007 ao aprovar uma resolução em Congresso. Tentaram cercear minha liberdade de expressão. Jamais falei em nome do partido. Entendo perfeitamente que meu posicionamento sobre esta questão no PSOL terá que ser diferente, pois estou entrando num partido que já tem posição majoritária a favor da legalização do aborto. Continuarei mantendo minha opinião, mas terei sempre que informar sobre o que pensa o partido sem, no entanto aprofundar meus argumentos. Penso ser este um procedimento ético e coerente com um partido que respeita a democracia e, portanto a liberdade.

Sobre a declaração de voto em Serra no segundo turno em 2010, penso ser bom esclarecer mais uma vez que naquele momento via como mal maior a eleição de Dilma e o PT. Atualmente PT, PSDB e PMDB se equivalem politicamente (vide últimos acontecimentos vergonhosos na Assembléia Legislativa de São Paulo), formando um centrão amorfo interessado apenas na luta do poder pelo poder, em privilegiar banqueiros e latifundiários e aprofundar a indecente concentração de riquezas no país. Para mim, naquele momento havia um forte agravante na figura de Dilma que mentiu explicitamente sobre o aborto e sobre religião apenas apara enganar a maioria do povo brasileiro e ganhar a eleição a qualquer custo.

Quero nesta carta reafirmar meu desejo de militar no PSOL e fazê-lo crescer, sem qualquer atrelamento a futuras candidaturas. Penso que seria interessante neste momento o debate aberto sobre a minha filiação num fórum democrático, onde todas as tendências do partido pudessem participar, pois é impossível pontuar todos os importantes aspectos da política numa carta. Além disso, cartas distribuídas pela Internet apontam muitas dúvidas e distorções, que devem ser esclarecidas à luz da verdade.

Saudações,

Luiz Bassuma

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