Por Ramiro Guedes
Continua repercutindo em toda a Bahia o caso que culminou com a morte da menor Josiele Martins do Nascimento, 16 anos. Josiele foi sepultada no cemitério de Juerana, distrito de Caravelas, no dia 27 de novembro. A adolescente passou 2 dias em trabalho de parto que, segundo declaração de familiares, deveria ser realizado por cesariana, e acabou vitimada por uma embolia aminiótica. O fato se deu no Hospital Municipal de Caravelas, que está sendo acusado pela família de Josiele de negligência.
EXUMAÇÃO
Por conta dessas acusações, técnicos do DPR de Teixeira de Freitas, no dia 13 de dezembro, procederam à exumação do corpo de Josiele, atendendo solicitação do delegado Robson Marocci, de Caravelas. A família da adolescente faz duas denúncias graves ao procedimento médico efetuado na garota: os médicos insistiram no parto normal, quando deveria ser feita uma cesariana e que, no velório da moça, o feto ainda mexia em sua barriga, podendo ainda estar vivo.
AS DENÚNCIAS
As denúncias foram feitas pela mãe de criação e pela avó de Josiele, Maria Ferreira Martins, que procuraram a Polícia Civil e o Ministério Público em Caravelas.Depois de receber as duas senhoras, a promotora Dra, Letícia Campos Baird solicitou ao delegado Marocci a instauração de um inquérito policial para apurar os fatos, o que imediatamente foi feito, com a posterior exumação do corpo.
Para o perito médico legal revisor da Polícia Técnica, Dr. Welson Nascimento, o objetivo dos exames realizados com a exumação do corpo da moça é identificar os possíveis traumas sofridos pela adolescente antes da sua morte e tentar identificar e confrontar o intervalo da morte da adolescente e do feto ainda em seu ventre. Segundo o perito criminal e coordenador regional da Polícia Técnica, Dr. Manoel Garrido, o laudo da Polícia Científica com os reais resultados sobre a morte de mãe e filho, deverá ser divulgado num prazo máximo de 30 a 45 dias.
AS ACUSAÇÕES
As acusações mais candentes ao Hospital são feitas pela avó da adolescente, D. Maria Ferreira Martins. Ela conta que a neta grávida acordou, na manhã de 25 sentindo dores e foi levada ao Posto de Saúde de Juerana.O médico do posto devolveu a garota para casa, afirmando que o parto não seria naquele dia. Como as dores só fizessem aumentar, a avó conta que levou Josiele para o Hospital Regional de Caravelas. Lá, a pessoa que atendeu ao caso afirmou que a garota não poderia ter parto normal. D. Maria conta que passaram a noite no Hospital e que a médica que cuidava do caso aparecia de vez em quando. D. Maria afirma que a garota gritava e pedia socorro o tempo todo, sem que ela, a avó, nada pudesse fazer.
D. Maria ainda afirma que tentou que a neta fosse transferida para a Unidade Maternal em Teixeira de Freitas, mas que lhe foi dito que não havia vagas naquela Instituição. Quando a vaga apareceu, conta D. Maria, “uma outra médica afirmou que não havia necessidade da transferência, pois o parto ia acontecer logo.”
O ÓBITO
Josiele continuava a gritar e a pedir por socorro. No meio da tarde de 26, D. Maria afirma que tentou descobrir o que estava acontecendo e causando tanta agitação entre médicos e enfermeiros do Hospital: era Josiele que estava sendo preparada urgente pra ser levada para Teixeira de Freitas, pois o quadro se agravara. Levada de ambulância, sempre segundo as denúncias da avó, Josiele morreu na saída de Caravelas. Também a mãe biológica de Josiele, Celma Martins Nascimento, faz coro às acusações de D. Maria e afirma que quer justiça para o caso da filha: “Josiele foi maltratada e seu corpo estava cheio de hematomas – eles tentaram um parto normal onde deveria ser feita uma cesariana e nem tentaram salvar o meu neto”, acusa.
O Hospital Regional de Caravelas, até o momento, não se manifestou.