Nos dias 25 e 26 de abril, quinta e sexta-feira, respectivamente, a Secretaria de Turismo do Governo da Bahia, em parceria com a Câmara de Turismo da Costa do Descobrimento e Costa das Baleias e ICMBio, e apoio da RPPN Veracel, do Senac, do Sebrae e secretarias de Turismo de Porto Seguro, Santa Cruz Cabrália e Belmonte realizou a Capacitação do Turismo de Observação de Aves no Estado da Bahia: Potencialidades e Geração de Negócios nas Costas do Descobrimento e Baleias, na sede do Senac, em Porto Seguro.
A Capacitação foi dividida em dois blocos no primeiro dia e recebeu cerca de 60 inscritos, entre gestores e público interessado, que pode conhecer e se aprofundar um pouco mais tanto na arte de ‘passarinhar’, com o mestre e doutorando, Luciano Lima; quanto entender os esforços da Setur-BA e parceiros para transformar a região em um dos maiores destinos de Observação de Aves do Brasil.
PROJETO
Segundo a Superintendente de Promoção e Serviços Turísticos da Setur-BA, Fabíola Mandarine Paes Leme, o Governo do Estado está desenvolvendo o projeto Turismo de Observação de Aves da Bahia, com a realização de oficinas para capacitação da cadeia produtiva desse segmento, em seis municípios baianos identificados através de pesquisas do ICMBio (Lençóis, Vitória da Conquista, Itacaré, Mata de São João, Porto Seguro e Canudos).
“O projeto demanda destinos que abrigam áreas naturais bem conservadas. Assim, através do segmento é possível alavancar toda a cadeia produtiva do turismo e especializar também guias e condutores, o que movimenta ainda mais a economia local, contribuindo com a geração de emprego e renda”, destaca.
O Coordenador de Estratégia Ambiental e Gestão Integrada na Veracel Celulose e da RPPN Estação Veracel, Marco Aurélio, trouxe também a visão e missão da entidade sobre o futuro da prática na região. Como ele, o Gestor de Atendimento Empresarial do Sebrae-Porto Seguro, Antônio Robson Araújo, o Gerente Regional do Sebrae – Extremo Sul, Alex Britto e a Gestora do Senac-Porto Seguro, Nanci Costa também deram suas contribuições para a implantação do produto, seu mercado e gestão.
CONTRIBUIÇÃO
A Coordenadora-Presidente da Câmara de Turismo da Costa do Descobrimento, Patrícia Martins explicou que, além das entidades parceiras, a sociedade também pode contribuir. E essa primeira contribuição acontece nesse momento, com a união dos interessados.
“Nosso primeiro passo é um esforço conjunto para levar o melhor desse universo para a Feira Avistar, que acontece de 17 a 19 maio, em SP, e que terá um stand da Setur-BA, onde apresentaremos nosso território. Por isso, no segundo bloco do evento, os presentes também foram convidados a partilhar ideias para levarmos este produto já segmentado e que pode render muitos frutos para a nossa região”, relatou a gestora, que juntamente com a Coordenadora Presidente da Câmara de Turismo da Costa das Baleias, Iracema Ribeiro, representarão as entidades na feira.
SEGUNDO DIA
Já no segundo dia, a prática foi ‘in loco’ na RPPN Estação Veracel, com o biólogo Luciano Lima. Ao amanhecer, 34 participantes puderam praticar a observação de aves, conhecer o canto e o colorido de 41 espécies catalogadas pelo grupo. Tangará Rajado, Rabo-Branco-Rubro, Saíra-Pérola, Saí-Azul e Beija-Flor Bandeirinha, espécie rara de ser vista foram algumas das presenças ilustres do dia.
“O passarinhar vai além do ‘ver as aves’. É um encontro com a natureza, um despertar para os sentidos e um aprendizado que não termina”, revelou o “passarinheiro”, que desde seus 13 anos observa e capta imagens desses coloridos e alados animais.
Box: Você Sabia?
A Observação de Aves (ou birdwatching, em inglês), é uma atividade do Turismo de Natureza, que permite uma conexão direta com o meio ambiente. Com altos índices de crescimento nos últimos anos, a prática de observar aves nativas, identificá-las e fotografá-las em espaços naturais, se destaca mundialmente e conta hoje com mais de 100 milhões de adeptos, gerando cerca de 90 bilhões de dólares por ano.
A Feira Avistar acontece anualmente e reúne milhares de pessoas interessadas no birdwatching. Congresso, composto por palestras e oficinas, passarinhadas e destinos expositores de todo o Brasil participam do evento, que receberá pela primeira vez a Secretaria de Turismo do Estado da Bahia, como promotora da Observação de Aves.
WikiAves (Website e Aplicativo), Brasil Birding (Aplicativo), Aves do Brasil (Website), AveWiki (Website), Aves de Rapina do Brasil (Aplicativo), Aves da Mata Atlântica (Website) são algumas das plataformas brasileiras dedicadas à classificação, registro e compartilhamento de informação sobre aves.
Já apps e sites internacionais, podem ser destacados eBird (Website e Aplicativo), Merlin Bird ID (Aplicativo), iNaturalist (Website e Aplicativo), All About Birds (Website), BirdNET (Aplicativo), Xeno-canto (Website), Audubon Bird Guide (Aplicativo)
Alguns ornitólogos ainda referenciam a cadência da música Águas de Março com o canto do Matinta Perê, já que Tom Jobim se considerava um ornitólogo amador e, inclusive recebeu o ‘título’ de deputado eleito pelos sabiás, canários e curiós para falar, não aos povos da Zona Sul, mas à toda criatura capaz de ouvir e de entender pássaro, de Carlos Drummond de Andrade.
As aves também são inspiração para música. O rei do baião Luiz Gonzaga, eternizou a Asa Branca em sua canção que retrata severas secas do Sertão Nordestino; Gilberto Gil, Kell Smith, Timbalada, Fábio Júnior, Natiruts, Marília Mendonça e Henrique e Juliano, cantaram o Beija-Flor e o amor, nos mais diversos ritmos; João de Barro composta por Leandro Léo faz referência ao cuidado dessa ave ao construir o seu ninho; o Trio Parada Dura levou as andorinhas e seu comportamento típico de viver em bandos e fazem longas viagens para o cancioneiro popular; Mastruz com Leite interpretou Onde Canta o Sabiá, uma das aves mais conhecidas no Brasil.
Uirapuru (Gonçalves Dias), Canção do Exílio (Gonçalves Dias), O Canto do Sabiá (Manuel Bandeira), As Andorinhas (Castro Alves) e O Condor (Machado de Assis) são algumas das obras literárias que refletem a imponência e a graça das aves.
Peças de Teatro como A Gaivota (Anton Tchekhov), a comédia grega As Aves (Aristófanes), O Rouxinol (Hans Christian Andersen), O Canto da Cotovia (Jean Anouilh), A Águia de Duas Cabeças (Jean Cocteau); filmes, como Rio (dirigido por Carlos Saldanha); o balé Lago dos Cisnes, entre outras produções também fazem alusão a esses seres alados.
Por Débora do Carmo