Candidato não deve focar em um só concurso, diz especialista

Lia Salgado, colunista do G1, comenta suspensão de provas federais. Preparação para uma determinada seleção pode servir para outras

Candidato não deve focar em um só concurso, diz especialistaA decisão do ministério do Planejamento de suspender concursos federais e nomeações pode ter causado insegurança em quem iniciou o ano empenhado no projeto de se tornar um servidor público. Mas é preciso entender que se trata de uma medida mais restrita do que poderia, a princípio, parecer. Trata-se da esfera federal: concursos municipais e estaduais não foram afetados.

Além disso, em razão do princípio constitucional da independência dos poderes, as decisões do Planejamento não podem interferir na realização de concursos dos poderes Legislativo e Judiciário, mas, tão somente, no Executivo federal. Ainda assim, as empresas públicas e sociedades de economia mista têm orçamento próprio e, portanto, seus concursos não são atingidos pelo corte no orçamento. É o caso do Banco do Brasil, Correios, Caixa Econômica Federal, Petrobras, BNDES, etc.

Há ainda a questão dos postos ocupados por terceirizados e que já estão na mira do Tribunal de Contas da União para que sejam substituídos por servidores concursados, como é o caso da Empresa Brasileira de Comunicação. E ainda a proximidade da Copa do Mundo e das Olimpíadas, que exigirão do país um esforço urgente para realizar as obras públicas necessárias e garantir a proteção dos visitantes, para dizer o mínimo. É necessário algum tempo para que candidatos aprovados sejam empossados e treinados, para estarem aptos a desempenhar suas funções. Também deve ser considerada a existência de áreas críticas, como o INSS, que apresenta carência de milhares de servidores e cujo edital não poderá ser mais represado por muito mais tempo.

Espera pelo edital é normal
Por outro lado, na vida de “concurseiro”, esperar meses, às vezes mais de um ano por uma prova, é normal. Afinal, a data da publicação do edital de um concurso é imprevisível. O edital depende de uma série de ações: levantamento do número de vagas, pedido de autorização, escolha da organizadora, discussão dos termos, etc. Até uma alteração na estrutura do órgão ou instituição pode causar demora, como foi o caso da fusão da Secretaria da Receita Federal com a Previdenciária, que atrasou muito o aguardado concurso para auditor da Receita.

A orientação, então, é manter o ritmo de estudo, inclusive porque o indicado é se preparar para uma área de atuação, e não para um concurso específico -exatamente por conta da imprevisibilidade do edital. Assim, quem estava apontando para um concurso que pode estar sujeito às restrições do Planejamento, deve abrir o leque de opções e continuar a preparação na mesma direção, mas com foco mais abrangente.

Estudo para INSS pode ser aplicado em outra prova
Para exemplificar, quem aguarda a oportunidade de concorrer a uma vaga para o INSS pode aproveitar editais para outros cargos administrativos, como os de tribunais, de nível médio ou superior, que cobram matérias similares às esperadas para os cargos de técnico e analista do INSS. Quem aguarda o edital da Polícia Federal também tem opções: se o cargo desejado for de nível superior, pode disputar concursos para a Polícia Civil, que oferece cargos similares. Ou, conforme o perfil do candidato, até para a área de fiscalização nos estados (ICMS) ou municípios (ISS), uma vez que as matérias cobradas para a PF são bastante similares às básicas da área fiscal. Já quem almeja cargo de nível médio, pode mirar em cargos administrativos de tribunais.

Nos exemplos acima, existem muitas matérias comuns entre o concurso original e o novo foco, por isso o candidato não vai abandonar a preparação para o edital que está aguardando. As disciplinas que já vinham sendo estudadas devem ser mantidas na programação, passando por revisões periódicas e resolução de provas anteriores. Isso porque os editais sairão mais dia, menos dia.

E ainda sobre o efeito da suspensão dos concursos que precisam de aval do Planejamento para ocorrer, vale lembrar que, em 2009, o então ministro Paulo Bernardo, fez declarações semelhantes. E naquele mesmo ano saíram os editais da PF, da Polícia Rodoviária Federal, da Receita e do Banco Central. Por isso, quem mantiver o ritmo de preparação terá mais chances de garantir lugar entre aprovados nos próximos concursos. E o classificado dentro das vagas divulgadas no edital do seu concurso pode até precisar aguardar mais alguns meses, mas deverá ser nomeado dentro do prazo de validade, já que, conforme o entendimento atual do Judiciário, existe direito à nomeação nesses casos.


Fonte: Lia Salgado / G1

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui